Entrevista a D. António Marcelino: «Só um optimista pode ser lutador»
Primeiro como bispo coadjutor (1981-1988) e depois como bispo residencial, D. António Marcelino esteve quase 26 anos à frente da diocese de Aveiro. Amanhã entra em funções o seu sucessor, D. António Francisco dos Santos. Proveniente de uma família de carpinteiros de Lousa, Castelo Branco, D. António Marcelino, actualmente com 76 anos, garante que vai manter-se dinâmico. «Quem viveu uma vida tão activa como a minha não pode parar», refere em entrevista ao Diário de Aveiro.
Nasceu em Lousa. Como era a sua aldeia-natal?
É a melhor do mundo, a mais bonita de todas as aldeias [risos]. A nossa terra é sempre a melhor de todas. É uma aldeia simples, a poucos quilómetros de Castelo Branco, de gente rural, ou mais do que isso em alguns aspectos... Carpinteiros, pedreiros... O meu pai era carpinteiro, o meu avô era carpinteiro, o meu bisavô era de uma família de carpinteiros, os Marcelino... Éramos cinco irmão, eu era o quarto, só tinha uma irmã mais nova, que é a única ainda viva. Somos os que restamos.
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Vem de uma família de carpinteiros. D. António Marcelino é um carpinteiro gorado? Logicamente que se porventura não tivesse entrado no seminário é possível que tivesse começado como carpinteiro; mas depois como acabaria não sei. O meu irmão mais velho começou a trabalhar com o meu pai mas depois foi funcionário público, na Junta de Energia Nuclear, e reformou-se em Canas de Senhorim, nas minas da Urgeiriça. Outro meu irmão foi carpinteiro sempre e emigrou para França com essa profissão. Eu fui por outro caminho, mas ainda hoje quando vou às serrações gosto do cheiro da serradura... Mas de facto podia ter sido carpinteiro, não sei... Há um episódio curioso na minha vida: quando andava na escola primária, na minha terra não havia quarta classe e quando acabei a terceira classe o professor disse ao meu pai: «o miúdo gosta de aprender, deixa-o ficar aqui mais um ano, ele ajuda os mais pequenos...» E no ano seguinte já pôde haver a quarta classe. São episódios que mudam uma vida. Se saísse da escola no fim da terceira classe ia trabalhar com o meu pai e o meu avô e por aí continuaria. Mas como fui para a quarta classe, veio um padre que gostou muito de mim e disse-me para ir para o seminário.
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maio 23, 2007
A Urgeiriça...no "Diário de Aveiro"
Publicada por ®efeneto à(s) 14:43
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