O portal de Canas de Senhorim

abril 28, 2008

Opiniões...


Faltam arranjar o bairro para findar a requalificação.
O Supremo Tribunal de Justiça ainda tem pendente o recurso de um antigo engenheiro da Urgeiriça que não aceitou as condições propostas e recorreu aos tribunais. Entretanto foi conhecida mais a morte de um antigo trabalhador das minas da Urgeiriça, em Nelas. Falta reabilitar o bairro dos mineiros para que o processo de requalificação ambiental das minas fique concluído. Em 1991, a Empresa Nacional de Urânio (ENU), de capitais exclusivamente públicos) entrou em processo de falência e iniciou os primeiros despedimentos. Em 1995 um decreto-lei definiu um regime especial de acesso às pensões de invalidez e velhice para os trabalhadores do interior das minas. Em 2004, a ENU encerrou definitivamente na sequência do processo de liquidação iniciado em Março de 2001. Porém um engenheiro da mina não aceitou as condições propostas para o despedimento e recorreu aos tribunais. Após ter perdido na primeira instância o processo chegou ao Supremo que já anteriormente condenou o Estado a indemnizar outros oito trabalhadores que ali pediram justiça.

Desde 2001 que os mineiros lutam pela equiparação de todos a trabalhadores do fundo de mina e por indemnizações às famílias daqueles que morreram com cancro. António Minhoto fala "nos 60 trabalhadores que estiveram expostos à radioactividade e que têm vindo a registar problemas de saúde, nomeadamente nos pulmões e na tiróide". O registo desta macabra contabilidade é feito por Carlos Rocha, que este mês já colocou dois riscos na extensa lista de nomes, manuscritos, de que é o fiel depositário. A lista contém os nomes da grande maioria dos mineiros que trabalharam na Urgeiriça. Cada vez que um morre, a lista perde um nome e ganha um risco. Entretanto no horizonte dos mineiros há outras sombras: a comissão de moradores do Bairro Mineiro, na Urgeiriça, pouco conhece das obras acordadas no projecto de requalificação ambiental a cargo da Empresa de Desenvolvimento Mineiro (EDM). Carlos Rocha é hoje comerciante depois de durante anos ter sido funcionário da Cantina das Minas da Urgeiriça, que adquiriu em 2001. A cantina passou a mercearia e café agora com propriedade privada, mas nada mudou. É lá que os antigos mineiros se encontram e por lá passam todas as conversas da mina. Só este mês o comerciante registou duas perdas na mais de centena de riscos que já se acumularam desde que lhe caiu a incumbência de tão negra cifra. Miguel Ramos, o último nome conhecido de uma extensa lista de mineiros que já ultrapassou a centena de mortos, foi sepultado na semana passada. Estava internado no hospital de Viseu (morreu de cancro e trabalhou 20 anos nas minas). No início do mês morreu outro mineiro. De Santiago de Cassurrães, em Mangualde. Uma breve pesquisa indica que só em 2007 terão morrido seis, três deles em Maio. Mas "ao certo apenas se sabe que já ultrapassaram a centena", revela António Minhoto, dirigente dos ex-trabalhadores. Carlos Marques trabalhou 20 anos no fundo da mina. Foi o principal impulsionador da criação de uma comissão de trabalhadores e aponta o dedo aos responsáveis da ENU que "nunca informou os trabalhadores dos riscos que corriam ao tratar de urânio". Ricardo Figueiredo, que trabalhou nas oficinas, adianta que "nem quando as luvas já eram obrigatórias eles as forneciam". Anos e anos de mineração que acabaram por se traduzir em largas dezenas de mineiros vítimas de doença profissional que "o Estado, que era o empregador, insiste em não reconhecer". Ontem na cantina, hoje na mercearia, os mineiros, os reformados e os que mudaram de profissão continuam a encontrar-se. E de cada vez que a conversa puxa à mina os ânimos exaltam-se. Apesar disso, garantem, "somos todos amigos". Hoje sobram menos de quatro centenas de antigos mineiros da ENU, que continuam a ser dizimados pelo cancro, doença que corrói dezenas de homens que, durante décadas, extraíram urânio das minas da ENU espalhadas pelos distritos de Viseu e Guarda. Ninguém conhece com exactidão os números dos mortos. A ENU explorou minas nestes dois distritos. Alguns trabalhadores tinham vínculo ao Estado, outros trabalhavam ao dia.

abril 27, 2008

Humor em Hora de Luta



Gentileza de PortugaSuave

abril 18, 2008

Ponto da Situação

O passado...

...o passado recente...


...o presente.


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O presente...


...o futuro [?].


Outro presente...


...outro futuro [?]


Tudo aponta para que SIM.


abril 16, 2008

Casa de Pessoal é dos Mineiros

Isto já é nosso...
Hoje, a EDM acordou também com a Câmara Municipal de Nelas que o edifício onde se encontra a funcionar a Casa de Pessoal da Urgeiriça passe a ser propriedade da autarquia, dando assim resposta às pretensões dos seus associados.
Em contrapartida por esta cedência, feita pela EDMI - Empresa de Projectos Imobiliários SA (participada da EDM), a autarquia licenciará um loteamento urbano onde está inserida a Casa de Pessoal.
Desta forma, a Câmara de Nelas consegue requalificar uma importante área urbana de Canas de Senhorim e a EDM rentabilizar o património que recebeu da ENU.
A presidente da autarquia, Isaura Pedro, lembrou que a Casa de Pessoal era «uma segunda casa dos mineiros, um local de encontro, de partilha e de muitas emoções».
Neste âmbito, afirmou que o que estava em causa «não era uma questão de propriedade, mas de preservação da memória», considerando que, com esta cedência, foi prestada «uma belíssima homenagem a todos os mineiros da Urgeiriça».
Isaura Pedro mostrou-se disposta a apoiar as «necessárias obras de requalificação do edifício» e também as actividades culturais que aí se venham a realizar.
O secretário de Estado da Indústria, Castro Guerra, frisou que o trabalho da EDM na Urgeiriça só terminará em 2013, uma vez que às obras de requalificação da Barragem Velha se seguem outras intervenções, para que esta volte a ser «uma terra de futuro, promissora».
«Queremos voltar a pôr a Urgeiriça no mapa como um local onde se pode viver e passar férias, mas sem perder a memória do passado», acrescentou o secretário de Estado, que viveu e estudou no concelho de Nelas, juntamente com filhos de mineiros.


...isto não.

A Casa do Pessoal das minas da Urgeiriça, em Nelas, vai continuar na mão dos trabalhadores, mas fica amputada do campo de futebol que dará lugar a uma urbanização naquela que é a "zona mais aprazível da Urgeiriça".
A requalificação das minas da Urgeiriça, em Nelas (cuja inauguração decorreu na segunda-feira), amputou os mineiros de parte da sua memória - o campo de futebol da Casa do Pessoal que foi alienado a uma subsidiária da Empresa de Desenvolvimento Mineiro (EDM) para a área imobiliária.
A EDM nos terrenos do campo de futebol irá criar uma urbanização e em troca a casa é cedida à autarquia de Nelas que garante que "o espaço irá continuar a desempenhar a sua função social e cultural junto dos mineiros", frisou Isaura Pedro, presidente do município.

Compilação:

Diário de Noticias
Sol

abril 14, 2008

abril 12, 2008

Lamas radioactivas II

Empresa garante segurança ambiental na Urgeiriça

foto efeneto

Radiometria vai mostrar segurança das instalações
A Empresa de Desenvolvimento Mineiro (EDM), entidade responsável pela requalificação ambiental das escombreiras das minas de urânio da Urgeiriça, no concelho de Nelas, garante que os resíduos radioactivos ali depositados "estão devidamente selados e não oferecem risco de escorrimento e anormal fuga de radiações". Opinião que é contrariada por alguns técnicos ouvidos pelo DN. A empresa reagiu assim à notícia do DN, que ontem que deu a conhecer a repetição das escorrências das lamas radioactivas ali depositadas. Na Urgeiriça acumularam-se quatro milhões de toneladas de resíduos resultantes da exploração do urânio. O local começou a ser selado em 2006 e já nesse ano as fortes chuvas encheram a barragem e provocaram o escorrimento das lamas radioactivas para o rio Mondego. Na terça-feira a chuva provocou um rompimento da cobertura de terra, o ultimo anel da protecção que isolou os desperdícios da laboração de urânio. Conforme contou ao DN um trabalhador, "as lamas chegaram ao caminho envolvente mas não furaram a camada de argila nem o geotêxtil". De acordo com Conceição Chamusca, porta-voz da EDM, a requalificação permitiu "selar os desperdícios da exploração de urânio com recurso a duas camadas de argila num total de 60 centímetros de espessura, de tela betuminosa e geotêxtil, e de brita e areia como materiais inertes de protecção". Toda esta operação foi coberta com terra, a que se seguiu a colocação de coberto vegetal. A responsável da EDM adianta que "o escorrimento diz respeito somente à terra vegetal de cobertura da obra". A empresa adianta que o coberto vegetal, "por ser recente, não se desenvolveu o suficiente para assegurar a normal consolidação". O que levou a que a chuva causasse "um pequeno ravinamento nessa terra". O "ravinamento", segundo apurou o DN junto de outro técnico da obra, é na prática "um abatimento do coberto que estava fresco e no qual as chuvas, ao escorrer pela estrutura, abriram uns regos que não chegaram à tela de protecção". Mas de acordo com dois especialistas ouvidos pelo DN, a obra necessitava de mais tempo para que se consolidasse a compactação da estrutura. Elisa Preto, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, sustenta que o " processo de neutralização do urânio é muito moroso". Cuidados que se justificam quando " o urânio é um mineral que tem reacções em cadeia, isto é, a sua acumulação provoca a formação de outros materiais radioactivos. Quando há roturas numa das camadas do invólucro de protecção poderemos assistir à dispersão da radiação". Um risco que, de acordo com Romão Trindade, do Instituto Tecnológico e Nuclear, será sempre "relativo de acordo com aquilo que nos estamos a proteger. Mas no caso em apreço quando chove muito a areia, brineutralização do urânio é muito moroso". Cuidados que se justificam por o "urânio ser um mineral que tem reacções em cadeia, isto é a sua acumulação provoca a formação de outros materiais radioactivos. Quando há roturas numa das camadas do invólucro de protecção poderemos assistir à dispersão da radiação". Um risco que, de acordo com Romão Trindade, do Instituto Tecnológico e Nuclear, será sempre "relativo. Mas quando chove muito, a areia, brita e terra esboroam-se e a protecção fica bastante mais frágil". Apesar disso a EDM garante a segurança da instalação e adianta que "este facto poderá ser comprovado com leituras radiométricas" que irão ser feitas aquando da inauguração da obra.

AMADEU ARAÚJO, Viseu Diário de Noticias

abril 11, 2008

Lamas radioactivas

Lamas radioactivas continuam a escorrer de mina selada

Urgeiriça inaugura requalificação na segunda-feira
As lamas radioactivas depositadas nas escombreiras das minas da Urgeiriça não estão totalmente seladas. As obras de requalificação daquelas minas de urânio em Canas de Senhorim, Nelas, são inauguradas na próxima segunda-feira, mas as fortes chuvadas voltaram a provocar escorrências das lamas radioactivas nas escombreiras que estão a ser seladas. Desde o encerramento das minas, em 2004, já morreram mais de cem antigos mineiros - o último dos quais na terça-feira. Um médico de Canas de Senhorim defende que toda a população que esteve exposta às radiações, e não só os mineiros, deve ser sujeita a exames.Ao que apurou o DN, na passada terça-feira o empreiteiro encarregue da obra solicitou, por duas vezes, viaturas dos bombeiros porque "havia uma escorrência superficial na barragem Velha. As lamas chegaram ao alcatrão mas não furaram a camada de argila nem o geotêxtil [tecido específico para a impermeabilização da camada geológica]", afirmou ao DN um trabalhador. A barragem Velha, local onde estão acumulados mais de quatro milhões de toneladas de resíduos, resultantes da exploração das minas de urânio, começou a ser selada em 2006 e já nesse ano as fortes chuvas encheram a barragem e provocaram o escorrimento das lamas radioactivas para o rio Mondego. Na altura soaram os primeiros alertas para a contaminação do meio envolvente e os riscos para a saúde pública que já foram analisa-dos pelo Instituto Nacional Ricar- do Jorge - num estudo coordenado por Marinho Falcão. Este sustenta que o "excesso de mortalidade, da população residente na freguesia de Canas de Senhorim exposta a níveis de radiação e de metais pesados, poderá estar associado à existência da mina da Urgeiriça e da sua escombreira". Esta é também a opinião de Américo Borges, médico em Canas de Senhorim. O clínico adianta que "não são só os mineiros que estiveram expostos à radiação. Toda a população esteve, em menor ou maior grau, exposta à radiação. A recuperação ambiental isolou a fonte de radioactividade, mas é possível que no futuro surjam outros casos". Por isso o médico afirma que "o ideal era que a população à volta da Urgeiriça fosse sujeita a exames porque estamos a falar de uma doença cujo tratamento passa sobretudo pela detecção precoce".O estudo, que abrangeu 966 pessoas, permitiu aferir que as concentrações de substâncias radioactivas com origem no urânio foram também "detectadas nos solos, águas, produtos hortícolas e no radão existente no ar exterior e interior das habitações, sendo mais elevada a sua presença em Canas de Senhorim, comparativamente às restantes freguesias".Além de Canas de Senhorim, foram estudadas as populações das freguesias de Queira (concelho de Vouzela), Rio de Mel (S. Pedro do Sul), Moreira do Rei (Nelas), Sátão, S. Pedro e Campo (Viseu) e Seia. O urânio é um metal pesado e radioactivo, o que lhe confere manifesta toxicidade química e radiológica. Durante quase um século, cerca de meia centena de minas de urânio e rádio foram exploradas em Portugal, a maioria localizada na região centro, sobretudo nos distritos de Viseu e Guarda.

AMADEU ARAÚJO, Viseu Diário de Noticias