O portal de Canas de Senhorim

maio 15, 2010

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Depois da criação do espaço Ao Ritmo da Notícia deixou de ter sentido a existência deste pois poderia começar a haver uma duplicação de noticias.
E para ser sincero estou a ficar farto de ditos e mexericos. A partir de hoje todas as notícias sobre a Urgeiriça que eu fizer ou receber no meu email, a publicação das mesmas serão feitas nos seguintes espaços;
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maio 13, 2010

Vote s.f.f

Estive a dar uma “volta” pelo meu registo fotográfico no intuito de gravar as melhores e lembrei-me de colocar á votação dos meus leitores as minhas 10 melhores, agradeço ajuda na escolha da melhor. Agradecido.


maio 07, 2010

Urânio em pó nas Minas da Urgeiriça

Na Mina da Urgeiriça, os portugueses extraíam rádio para as experiências e utilizações práticas que lhe davam os cientistas das primeiras décadas deste século. Portugal deitava fora, para o Atlântico, através do Mondego, o urânio que não servia para nada até à Guerra.
Em 1945, a bomba atómica tornou o minério importante, a era nuclear enriqueceu a Urgeiriça e a exploração do urânio fez-se intensivamente pelos métodos tradicionais. Hoje e desde 1962, processos químicos de extracção substituem, em parte, o trabalho de desmonte do filão, mas o urânio continua a dar dinheiro. Nem se sabe quanto!...
Descemos cerca de 500 metros em profundidade para assistir àquilo a que os técnicos nos acompanham chamam de «lixiviação in situ», o processo que permitiu, a partir de 1962, recuperar o urânio que não era rentável extrair pelos métodos normais utilizados na mina a partir do início da sua exploração (1912).
Uma corrente de água ácida dissolve o urânio que resta nas zonas já desmontadas pelos mineiros e naquelas que o não foram antes por não valer a pena o trabalho. A água, com ácido sulfúrico, permitiu já recuperar 160 toneladas de óxido de urânio, nesta mina. E só uma quinta parte foi tratada por este processo até ao momento.
Até 1962, os blocos do filão que pagavam o trabalho foram desmontados a martelo e tiro. Outros blocos, marginais, ficaram intactos, porque o seu teor de urânio era tão baixo que não compensavam. Com a invenção da lixiviação no local, a Empresa Nacional de Urânio vai recuperar minério nas zonas já desmontadas e extrair o que restou da anterior exploração.

Lá em baixo

O trabalho típico do mineiro é, assim, muito reduzido. O ácido faz quase tudo e os operários limitam-se a carregar a lama rica em urânio, bombeá-la para a superfície e, de quando em quando, desviar a água ácida dos seus caminhos preferenciais.
Também se executam alguns ataques ao filão pelos processos tradicionais, com o objectivo de fracturar a rocha nos blocos ainda não trabalhados. Mas a extracção do minério é deixada a cargo dos produtos químicos utilizados na estação de tratamento da empresa, à superfície.
Lá em baixo, as galerias estão quase desertas. No fundo do poço, aberto fora da zona mineralizada que é instável não está ninguém.
Caminhando, o visitante encontra uma escavadora que foi transportada peça por peça até aquele nível. O processo é lógico: no elevador não cabem mais de seis pessoas. A temperatura sobe um grau centígrado por cada 33 metros que descemos. Não se compara este calor ao gelo da superfície.
O licor rico em minerais é atirado para a superfície a uma altura manométrica de 450 metros por duas bombas, à razão de 40 metros cúbicos por hora. As caldeiras para tratamento deste licor têm uma capacidade muito maior, mas as bombas não suportam mandar mais material para o ar livre.
A água ácida corre em mangueiras com furos da aspersão a intervalos regulares e escorre dos níveis superiores para o último. Quando a lama sobe pelo poço de ventilação para a estação de tratamento, o urânio vai todo, explorado rentavelmente até às PPMs (Parcelas Por Milhão).

Cá em cima

Cá em cima começa a trabalhar a química. O minério inicia a sua vida em bruto. O seu calibre é reduzido na britagem, preparando-se a entrada dos calhaus no moinho.
Depois de pesado todo o material é feita uma amostragem que dá aos técnicos o teor de urânio existente em cada quilo de pedra extraída, quando sai do moinho, o material (terra estéril mais urânio) é uma lama fina da qual o ácido sulfúrico extrai o minério.
Quatro agitadores construídos em madeira (um dos produtos mais resistentes ao ácido-há ali um dos agitadores que tem 30 anos de contacto com o líquido corrosivo) tornam a polpa homogénea. Esta segue para decantadores gigantescos onde os sólidos (lama estéril) são separados dos líquidos (licor rico em urânio).
O licor é agora tratado com solventes.
Uma amina terciária dissolvida em querosene concentra o urânio existente no líquido. O concentrado de urânio aumenta de um grama por litro para 30 gramas e sofre, em seguida, um processo de precipitação em cubas de amónia. Está agora misturado com cloretos e sódio que é necessário eliminar para tornar o produto conforme com as normas internacionais dos compradores.
Num filtro de vácuo a mistura leva uma injecção de sulfato de amónio a 10 por cento que elimina o sódio. Depois é secado e reduzido a pó, a um pó amarelo: como uranato de amónio é vendido em barris para os Estados Unidos e França.

Céu aberto

A Empresa Nacional de Urânio (ENU) explora ainda, na região da Urgeiriça, dois outros jazigos, chamados da Quinta do Bispo e da Cunha Baixa, que «o diário» visitou.
A Quinta do Bispo está a ser explorada desde 1979 a céu aberto e possui cerca de 364 mil toneladas de minério rico.
Para o extrair , a ENU vai retirar deste local, escavando três milhões e meio de toneladas de terra.
Na Cunha Baixa, dão o braço os dois tipos de exploração: o céu aberto e a mina tradicional. Esta última foi abandonada em 1950 quando os minérios a tratar já tinham um teor de corte muito baixo, logo, não rentável.
Escavando, a partir do solo, a empresa de urânio foi encontrar novo filão e atingir o primeiro nível da velha mina. Os materiais extraídos são colocados ao ar livre e regados com a mesma água ácida, seguindo, depois, para a Urgeiriça, para a estação de tratamento químico.
Que fazer ao urânio é uma questão ainda por resolver. O governo português não possui uma política neste campo e a gerência da ENU não tem directrizes senão verbais. Vai vendendo urânio a preços de ocasião para se manter em funcionamento.
A cotação do produto, por seu lado, é hoje metade do que era há dois anos (45 dólares americanos por libra). O movimento anti-nuclear no Mundo contribuiu parcialmente para esta redução, bem como aumento da oferta de urânio, por países como a Austrália que está a extrair 180 quilos de uranato por tonelada de terra.
in jornal O Diário, 28 de Janeiro de 1983
Arquivo Kunami – MCdS 8 de Mai de 2007



1 de Maio

maio 02, 2010

Antigos mineiros da Urgeiriça admitem lutar nos tribunais

Os antigos trabalhadores da extinta Empresa Nacional de Urânio (ENU) admitem recorrer aos tribunais caso o Governo não resolva o problema do pagamento das indemnizações devidas aos familiares dos colegas que morreram com doenças associadas à exposição à radioactividade.
Num plenário, que decorreu na sexta-feira na Urgeiriça, os trabalhadores mostraram-se satisfeitos com a aprovação na véspera do decreto-lei que «abrange 90 e tal por cento das reivindicações da família mineira».
Porém, decidiram continuar a lutar, «pela via da diplomacia», para que sejam pagas as indemnizações aos trabalhadores que «morreram por servir o Estado».
No final do plenário, em declarações à Lusa e à RTP, o porta-voz dos trabalhadores, António Minhoto, manifestou a sua convicção de que «também este assunto vai ser resolvido com êxito». Contudo, «se porventura a situação não for aprovada pelo Governo, seguirá para tribunal».
«Os partidos já se predispuseram a constituir-se como testemunhas no processo»,
acrescentou.
António Minhoto adiantou que vai ser enviada ao Governo «uma nova exposição fundamentada com o decreto-lei aprovado» e «propor ao provedor de Justiça que inverta esta situação, assim como solicitar aos partidos que intervenham novamente junto do Governo».
Os ex-trabalhadores da ENU presentes no plenário receberam com muitas palmas a notícia de que o Parlamento aprovou na quinta-feira, em votação final global, com a abstenção do PS, um decreto-lei que «enquadra as grandes questões reivindicadas».
O diploma permite que mesmo os antigos trabalhadores sem vínculo à ENU na data da sua dissolução possam ter benefícios na idade da reforma, desde que tenham trabalhado pelo menos quatro anos.
Prevê também o acompanhamento médico a estes ex-trabalhadores, bem como aos seus familiares directos.
«Já andávamos desanimados, mas finalmente conseguiu-se esta grande vitória e vão-nos dar aquilo a que temos direito», congratulou-se Fernando Moitas, que trabalhou na ENU durante 29 anos.
Também o colega José Loureiro partilhou a sua satisfação, apesar de não esquecer «as indemnizações para as viúvas, que merecem que esta luta continue».
O porta voz dos trabalhadores, António Minhoto, considerou que a luta de vários anos foi difícil, mas «valeu a pena».