O portal de Canas de Senhorim

outubro 31, 2008

Para Recordar...

Cinema Paraíso

Fui contactado por um amigo, sugerindo que eu escrevesse um curto texto exteriorizando os sentimentos que me assolam face á notícia do possível encerramento da Casa de Pessoal das Minas da Urgeiriça.
A Urgeiriça que cresceu em função da ex-exploração de uma mina, sempre foi, á sua medida, um espaço com um traço cosmopolita. Nela residiam pessoas das mais diversas origens demográficas, sociais e culturais.
E no centro de tudo, o denominador comum, a Casa do Pessoal como ponto harmonizador.
Visto á distancia, confesso o meu orgulho por ter crescido ali, por ter podido usufruir da imensa actividade cultural e desportiva que aquele lugar proporcionou.
Por isso aqui digo, para que conste: ali não está um simples edifício. Está um espaço onde gerações de adultos e crianças aprenderam a ver cinema, a ver e fazer teatro, a conviver e praticar música e desporto.
Ao destrui-lo é uma parte da nossa memória individual e colectiva que é amputada.
Fica aqui o meu voto de protesto.
Nunca pensei ter que evocar Tornattore.
Gustavo Cordeiro
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Lembro-me…

Lembro-me dos filmes de cinema e das peças de teatro…
Lembro-me das festas de Natal e dos espectáculos…
Lembro-me de magnífico Ano Mundial da Criança…

E da leitura dos jornais diários…
E dos jogos da sueca…
E do ping-pong…
E…
E para amanhã todos os que vivem e viverão na Urgeiriça se lembrem, da “velha”, mas sempre aberta, Casa do Pessoal que faz parte o património de quem ali vive e é de todos.
Hoje é a Casa de Pessoal de todos os que na Urgeiriça moram, dos que já moraram e esperemos também os que aí vão morar um dia!

Albertino Neves
In: Jornal de Canas de Senhorim nº 107
30 de Outubro de 2007

outubro 28, 2008

Relembrando...

1992 - Ultimo Curso de metalomecânica na ENU

De pé da esquerda para a direita:
José Couto; Moniz; António João; Pedro Ferreira; Piloto; Rui Custodio; Paulo Albuquerque; Nuno (chefe da oficina e monitor) e João Morais (serralheiro mecânico e monitor)
Em baixo pela mesma ordem:
Joaquim; Laceiras; António Roque; Nuno Paixão; Paulo; Paulo Brito e Nuno.

Foto gentilmente cedida por “PomboCorreio”

outubro 22, 2008

António Minhoto...retrato

António é o rosto dos antigos trabalhadores do urânio Às sete da manhã, uma hora mais tarde na época baixa, o dia está a começar para António Minhoto. Em poucos minutos percorre de carro os escassos quilómetros que separam a sua casa, à saída de Nelas, do Quiosque Sombrinha, um café-pastelaria nas termas de Caldas da Felgueira.

O caminho é sempre a descer até à margem da ribeira do Pantanha, a um pulo do Mondego, muitas vezes mergulhada em espesso nevoeiro. Mas isso pouco lhe importa, pois Minhoto não é homem para se preocupar com detalhes. São muitas as horas do seu dia de trabalho, preenchidas a atender clientes e a gerir o negócio, que explora desde 1990 com a mulher. "Foi a única saída que encontrei depois de ter sido obrigado a aceitar o despedimento da Empresa Nacional de Urânio [ENU] em 1989. É o meu ganha-pão para sustentar a família com menos dificuldades", explica.

Nada do que ficou dito o distingue especialmente de tantos outros pequenos empresários. Mas António Minhoto, de 56 anos, nascido em Nelas, casado e pai de duas filhas já adultas, é um empresário diferente. Começou a trabalhar muito cedo, foi a maior parte da vida um "trabalhador indiferenciado" - a expressão é sua - e é hoje um homem bem-sucedido com uma actividade absorvente.
No entanto, isso não o faz esquecer a situação dos antigos companheiros de trabalho na mineração. Ele tem sido o rosto mais visível de uma luta que travam há vários anos para ver reconhecidos direitos que consideram legítimos e um acompanhamento médico permanente - esta reivindicação já foi atendida pelo Ministério da Saúde -, a par da exigência de recuperação ambiental de todas as minas abandonadas quando a exploração de urânio terminou em Portugal.

Um homem de causas

O último episódio deste processo, a que António Minhoto se tem dedicado incansavelmente, decorre hoje em Nisa, onde a Comissão de ex-Trabalhadores da ENU promove uma tribuna cívica para "julgar" as consequências da exploração de urânio em Portugal.

A intervenção cívica ocupa um lugar relevante no currículo de António Minhoto, que se define como "um homem de causas". Fez parte da Comissão de Trabalhadores da ENU e foi delegado sindical, integrou a comissão de segurança da empresa e foi presidente da respectiva casa de pessoal. Envolveu-se na causa pela criação do concelho de Canas de Senhorim e esteve ao lado dos que se opuseram ao encerramento do Centro de Saúde de Nelas. Depois do 25 de Abril, militou na UDP e no Bloco de Esquerda. Hoje diz-se partidariamente descomprometido.

Já depois do encerramento da ENU, cria em 2002 a associação Ambiente em Zonas Uraníferas. A partir dessa data a intervenção do antigo trabalhador do urânio torna-se mais sistemática e persistente, trazendo para as páginas dos jornais e ecrãs das televisões a realidade complexa, e por vezes dramática, dos ex-camaradas.

A combatividade de que Minhoto dá provas na intervenção cívica manifestou-se muito cedo na sua vida. Filho de uma numerosa família - oito irmãos - de trabalhadores rurais muito pobres, teve de começar aos 12 anos a ajudar os seus. "O meu primeiro emprego foi numa empresa vinícola de Nelas. Ganhava 35 escudos por mês [cerca de 18 cêntimos de euro] a acartar madeira às costas. Os meus problemas de coluna começaram aí", recorda.
"Como uma facada"

António Minhoto foi ganhar mais dez escudos noutra empresa de vinhos, mas continuou a engraxar sapatos junto à Pensão Mangas, em Nelas. Em 1971 trocou tudo isso pelas Minas da Panasqueira. Resistiu um ano a viver em camarata e mudou de cenário - deste vez a Linha do Oeste, onde participou nos trabalhos de limpeza de via.

Aos 20 anos vem a tropa e o conhecimento dos que contribuíram para a sua politização. Só o pedido insistente da mãe o impediu de desertar, acabando com a especialidade de motorista em Luanda, onde assiste à queda do regime salazarista-caetanista em 1974. Entra para os quadros da ENU em 1976, onde faz de tudo nos 13 anos seguintes.

A saída da empresa foi difícil. "Nos primeiros anos nem conseguia vir aqui", diz com um gesto largo para designar o local de trabalho na Urgeiriça, a casa no bairro operário onde viveu nove anos, a antiga cantina, a casa do pessoal. "Chocava-me ver as coisas degradarem-se, era como uma facada. Agora já estou vacinado".

O seu percurso não deixa ninguém indiferente. Os que não partilham as suas ideias reconhecem-lhe as qualidades de "lutador". É essa a opinião de Luís Ribeiro, membro da Comissão Concelhia de Nelas do PSD.

Adelino Borges, presidente da concelhia socialista, reconhece ter "alguma admiração e amizade" por ele: "A sua qualidade mais positiva é o espírito de militância e a forma como defende as suas opiniões." Francisco Paula, administrador de uma cadeia local de supermercados, conhece Minhoto há 30 anos: "Admiro a sua persistência e a capacidade de mobilização dos colegas e dos media."

Os que lhe estão próximos não poupam elogios. Joaquim Silva, administrador de uma empresa comercial, andou com Minhoto na escola: "Fez um grande trabalho no concelho e se o pessoal da Urgeiriça tem alguma coisa é porque ele trabalhou para isso." João Marques, segundo-comandante dos bombeiros de Canas de Senhorim e antigo trabalhador da ENU, recorda um episódio elucidativo da sua coragem e capacidade de liderança: "Alguém tentou furar uma greve e o Minhoto desligou a máquina. Foi punido com 15 dias de suspensão e muitos trabalhadores quotizaram-se para lhe pagar os dias de salário."

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Texto de (excertos) - Carlos Pessoa Jornal Público (19-10-2008)
Reportagem fotográfica - efeneto

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outubro 21, 2008

Memórias do “Pirolito”

Sporting Clube de Santar á 40 anos
(ainda não federado)Em cima da esquerda para a direita:
Mineiro – Tónio Pera – Manel Mena – Pina – Zé Juino e Aurélio Gabriel (gr)
Em baixo pela mesma ordem:
Fernando Madeira – João PéDescalço – PIROLITO – Zé Pera – e ????? (o Pirolito não se lembra)


outubro 17, 2008

Adeptos do nuclear tentam convencer partidos a discutir questão na próxima legislatura

Os adeptos da adopção do nuclear em Portugal vão tentar convencer os partidos políticos a discutir a questão na próxima legislatura. Por seu lado, o antigo eurodeputado Carlos Pimenta insiste que é um absurdo discutir a questão em Portugal.

Os apoiantes da construção de uma central nuclear em Portugal vão tentar convencer os partidos políticos a discutir a questão na próxima legislatura, uma vez que o actual Governo insiste em não abordar o assunto até às eleições de 2009.
Em apoio do nuclear, Pedro Sampaio Nunes junta agora o argumento da actual crise financeira internacional, que agravam, na sua opinião, os problemas de competitividade de Portugal.
«Se quisermos continuar a ir por uma via que nos obriga a empurrar cada vez mais para a frente os défices tarifários que alguém vai ter que pagar, a nossa geração ou as gerações futuras, então não se deve pensar no nuclear», acrescentou.
Ao contrário, «se quisermos pensar nas soluções que prometem todos os países hoje em dia serem competitivos e não terem necessidade de défices tarifários, então temos de encarar necessariamente o nuclear».
Este argumento não convence Carlos Pimenta, que entende que o nuclear é um «não há 25 anos» e que continuar a discutir a questão assemelha-se a um «exercício quase anedótico dos Gatos Fedorentos».
«É óbvio que o nuclear nunca foi necessário em Portugal e não é necessário em Portugal e hoje é completamente impossível sequer equaciona-lo em Portugal», adiantou o ex-eurodeputado.
Contra o nuclear, Carlos Pimenta recorda ainda o facto de haver poucos institutos públicos em Portugal para regular uma central deste género, precisando de dez anos para chegar a este pontos.
«Precisaria de um investimento brutal só para ter as agências de segurança do lado do Estado para controlar o processo. O país não foi capaz de resolver o problema das Minas de Urgeiriça», lembrou.
O antigo eurodeputado social-democrata referia-se à única instalação ligada ao nuclear que Portugal teve e, que segundo Carlos Pimenta, acabou por resultar na poluição das terras e da saúde pública desta localidade.
TSF Rádio Jornal

outubro 13, 2008

Comissão de Obras da Capela Santa Bárbara

Comissão de Obras da Capela Santa Bárbara
Urgeiriça – Canas de Senhorim

Assunto: Restauro da Capela de Santa Bárbara das Minas da Urgeiriça

Exmos. Senhores.
A Capela de Santa Bárbara construída em 1951 com a finalidade de cozinha dos ex-trabalhadores das Minas, passou a ser lugar de culto em 1958 acabando por ser cedida pela Empresa Nacional de Urânio em 2002 à Fabrica da Igreja Paroquial de Canas de Senhorim onde até à actualidade se celebra Missa.
Vimos por este meio informar V.Exas, que a comissão de obras da Capela de Santa Bárbara da Urgeiriça iniciou no corrente mês obras de requalificação no edifício.
Com o apoio da Câmara Municipal de Nelas no projecto de arquitectura e nos materiais de construção necessários, a obra foi orçamentada em 70 000 euros.
Foi também efectuada uma candidatura ao programa TNS – Trabalho de Natureza Simples.
Devido ao valor orçamentado da obra ser elevado para as expectativas, dividimos a obra em duas fases. A 1ª fase, já em curso, restaura-se o interior e exterior do edifício, amplia-se a área comum da Capela para a sala existente passando a funcionar como zona de apoio, casa de banho, etc. Para esta fase a adjudicação tem o valor de 19 750 euros.
Apelamos a todos aqueles que se identificam de alguma forma com a Comunidade das Minas da Urgeiriça o seu contributo para as obras de restauro da Capela de Santa Bárbara.
Subscrevemo-nos com elevada estima e consideração
Padre Nuno Santos
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Participe, contribuindo:
Entidade Bancária: Santander Totta
Residentes em Portugal:
NIB: 0018 0003 16731606020 35
Residentes no estrangeiro:
IBAN: PT50 0018 0003 16731606020 35
Observações:
Para emissão de recibo é necessário o Numero de Identificação Fiscal [NIF]
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Sozinho de nada valho
Mas se comigo tu vais
De mãos dadas no trabalho
Ergueremos catedrais.

outubro 06, 2008

As "estórias" do "Pirolito"


Não sei o que fazer
Mas vou pensar
Escrevo a minha vida
Para mais tarde recordar

Na idade veio a escola
Levantava-me sem querer
Os anos iam passando
Eu pouco sabia escrever

Só pensava em jogar á bola
Sempre a minha perdição
Não ouvia o professor
Era só bola até mais não

Muito cedo me levantava
Dando conta do café
Caminhava para escola
E a bola rolando no meu pé

Não era fácil concentração
Porque a bola era comigo
Os colegas me diziam
Só quero jogar contigo

Fiz depois a 4ª classe
Quase mesmo sem querer
Mas a idade ia passando
Mas sempre consegui vencer

Fui para alfaiate
Essa arte eu não pensava
A mocidade me dizia
Só quero bola e mais nada

O tempo ia passando
Não sabia o que pensar
Seria esse meu destino
Que meu pai me quis dar

Meu pai ainda me bateu
Essa arte eu não queria
Minha cabeça só pensava
Jogar á bola até ao fim do dia

A bola não foi esquecida
Foi sempre o meu prazer
Foi muito fácil encontrar
Meu grande desejo de vencer

Fui para o académico
Fiz os testes junto do treinador
Este logo me dizia
Seria um grande jogador

Tive lugar na equipa júnior
Sem motivos para substituição
Fiz todos os jogos do campeonato
Recordando gloriosa paixão

Fomos ao campeonato nacional
Foi prazer enorme distinção
Meu sonho foi alcançado
Tal como pedia o coração

Tão feliz eu me sentia
Eu só e mais ninguém
Tão sozinho me sacrificava
Com o desejo de ser alguém

Chegou a tropa pois então
Cumprindo serviço militar
O destino me dizia
Outra vida vou começar

Angola foi meu destino
Mas a bola não foi esquecida
Levando no coração
A nossa Pátria querida

Foram dias muito difíceis
Era guerra no Ultramar
Lutando dia após dia
Para a minha terra regressar

Chegou tão glorioso dia
Com meu dever cumprido
Juntando magoas esquecidas
Mas nunca arrependido

Regressei glorioso
Primeira fase foi vencida
Agora só desejo encontrar
Alegrias na nova vida

Foram alegrias na mocidade
Que jamais esquecerei
São recordações tão lindas
Que eu sempre recordarei

Faço esquecer para nova vida
Muito só não posso viver
Quero um futuro risonho
Para o nosso senhor agradecer

Assim o tempo ia passando
Não esquecendo o passado
Dormindo com o pensamento
De uma companhia ao meu lado

Veio o namoro mas pouco tempo
Ate nem deu para pensar
Mas a idade ia passando
Mais não podia esperar

Casamos na Igreja
Com ou sem amor, não sei
O destino assim me dizia
Não penses em mais ninguém

Começamos nova vida
No futuro vamos olhar
Pensando dia após dia
Esse desejo saudar

Tal querer não se justificava
Era um casamento falhado
Eu queria mas não devia
Afastar-me para outro lado

Até que um filho Deus no deu
Essa alegria mais nos aproximou
Meu filho era o meu querido
Mas no amor tudo falhou

Nada mais de aventuras
Tenho ainda mais para sofrer
Agora pergunto a Deus
O que mais posso fazer

Chegou a ternura dos sessenta
Não pensava em qualquer dor
Mas pelo sim pelo não
Fui á consulta ao Doutor

Deu resultado negativo
Essa notícia meu deu o Doutor
Fui logo para o hospital
Fiz exame, acusou um temor

Fui operado fiquei sem falar
Foi difícil esta dor
Mas o Bernardo ainda existe
Dando graças ao senhor

A vida assim continua
Nesta vida eu pensarei
Vejo a luz que me alumia
Mais o destino respeitarei

Recordando tempos atrás
Eu pensava não ter fim
Pois os sessenta ultrapassados
A velhice é mesmo assim

Ainda penso que sou jovem
Não devia pensar assim
Os jovens que são jovens
Já não olham para mim

Não pensava como hoje
Bom, seria esse bem-querer
A velhice é como o tempo
Agora sol logo a chover

As nuvens estão escuras
Escuras logo ao amanhecer
A juventude foi-se embora
A velhice me faz sofrer

Tudo bem, manhã não sei
Ainda vivo na ilusão
Vou pensar para esquecer
Lembrando Deus pedindo perdão

Termino mas não esqueço
Tudo isto que já foi dito
Tudo e todos não vão esquecer.


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O pirolito

Bernardo Serra da Cruz
08 / 04 / 2007

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Inspecções

Começaram as inspecções ás casas cujo proprietários solicitaram.