O portal de Canas de Senhorim

junho 07, 2008

A Luta contra os Mentirosos

Deputados parlamentares do PSD, do PCP e do BE reiteraram hoje o seu apoio à luta dos antigos trabalhadores da Empresa Nacional de Urânio (ENU), que continuam a reclamar o pagamento de uma "dívida" ao Estado.


No dia em que se completam três meses desde que o PS chumbou na Assembleia da República os projectos de lei dos três partidos que davam resposta às reivindicações dos antigos trabalhadores, Almeida Henriques (PSD), Miguel Tiago (PCP) e João Semedo (BE) participaram de manhã numa visita às antigas instalações da ENU e, à tarde, em plenário, comprometeram-se a manter o seu apoio.


Os antigos trabalhadores têm exigido ao Governo que mesmo aqueles que não tinham vínculo à ENU na data da sua dissolução sejam abrangidos por um decreto-lei (nº 25/2005) que os equipare a trabalhadores de fundo de mina, dando benefícios na idade da reforma, e o pagamento de indemnizações aos familiares daqueles que morreram de doenças relacionadas com a exposição à radioactividade.
O deputado social-democrata Almeida Henriques não pôde ficar para o plenário de trabalhadores da tarde, mas, numa carta que foi lida, garantiu que, "após a vitória do PSD", o partido "apresentará de novo o projecto de lei que o PS reprovou".
Na sua opinião, os antigos trabalhadores "têm que ser tratados com coerência e justiça". Por isso, além das 44 pessoas que foram abrangidas pelo decreto-lei nº 25/2005, considera que todas as restantes que tenham trabalhado pelo menos cinco anos na ENU devem ter os mesmos benefícios.
Manuel Tiago [PCP]

Miguel Tiago lembrou que o projecto do PCP ia mais longe, prevendo também o alargamento do programa de saúde já em curso para os antigos trabalhadores aos seus familiares, nomeadamente aos descendentes, e o pagamento das indemnizações aos familiares "daqueles que comprovadamente tivessem morrido por terem estado expostos a situações de risco".
"Os partidos fizeram propostas, diferentes, cada um deu o seu contributo, mas o PS com a sua maioria absoluta inviabilizou liminarmente todas as propostas", lamentou.
João Semedo [BE]

João Semedo, do BE, mostrou-se convencido de que "com a solidariedade das forças de esquerda e dos outros trabalhadores", conseguirão alcançar os seus objectivos.
Maria Germana Carvalho [MUNN]

No plenário estiveram também Maria Germana Carvalho e José Maria Moura, membros do "Movimento Urânio em Nisa, Não" (MUNN), que desde Fevereiro têm uma petição na Internet que já reuniu 450 apoiantes.
Maria Germana pediu ajuda aos antigos trabalhadores da ENU nas acções de sensibilização sobre os riscos de exploração de urânio que o movimento desenvolver.
Isto porque - frisou - de futuro não quer ter de fazer um minuto de silêncio como o que hoje aconteceu no plenário, pela morte de mais dois antigos trabalhadores da ENU com cancro, há cerca de um mês.
Ficou combinada a participação de antigos trabalhadores da ENU numa acção a realizar em finais de Setembro, em Nisa.
No distrito de Viseu, os antigos trabalhadores da ENU prometem endurecer a luta, por o Governo "teimar em não responder às reivindicações", disse o seu porta-voz, António Minhoto.
"Vamos deixar de ser simpáticos e calados como temos sido. Vamos passar a gritar bem alto, como palavra de ordem, `mentirosos`", afirmou, lembrando que num plenário a 08 de Abril de 2005, o deputado socialista Miguel Ginestal tinha admitido "que havia uma dívida do Estado para com os trabalhadores".
Nesse plenário, a que a Lusa assistiu, Miguel Ginestal considerou que "o país deve muito às minas do urânio, que foram factor de receita económica muito importante para os cofres do Estado" e acrescentou que "o país nunca retribuiu aos trabalhadores e às minas aquilo que estes lhe deram".

Durante o plenário de hoje foram ainda aprovadas duas moções por unanimidade, uma a pedir que seja cedido o campo de futebol à Casa de Pessoal, e outra que seja integrada no projecto de requalificação ambiental em curso a Avenida dos Bombeiros, onde foram usados escombros resultantes da exploração do urânio.


Reportagem Fotografica de: © efeneto
Texto da jornalista: AMF da Agência Lusa

1 comentário:

Anónimo disse...

Constacto que a audiência é reduzida...