O portal de Canas de Senhorim

maio 28, 2008

Urgeiriça pede ajuda a Scolari


Vítor Morais vive com o cancro atravessado na garganta. Não é o único, mas, no caso dele, é mesmo uma linha fina, ficou-lhe da cirurgia para extracção de um tumor maligno na tiróide, diagnosticado em 2004. Tem 56 anos, nunca desceu às minas de extracção de urânio, mas isso não chegou para o deixar a salvo da tragédia que, em meia dúzia de distritos, vai matando os ex-trabalhadores da extinta Empresa Nacional de Urânio, sem que o Estado lhes reconheça o direito a que o desgaste terrível a que não se sabiam expostos conte para efeito de reforma na mesma proporção dos mineiros. Recentemente, o Governo homenageou os mortos, mas, na votação na Assembleia da República, recusou cuidar dos vivos, e estes vão pedir ajuda a Scolari.
O pedido para um encontro será feito hoje, garante António Minhoto, porta-voz dos antigos trabalhadores da companhia, extinta em 2001. De Viseu à Urgeiriça, é menos de meia hora, e, ali, com as instalações em vias de requalificação em redor, percebe-se do que falam estes homens e mulheres que conviveram com material radioactivo sem qualquer protecção. Nas minas e no tratamento do urânio, havia a protecção básica, mas nem só os mineiros estão a morrer. Primeiro foi o desastre de Chernobyl e depois "o caso de um soldado português contaminado no Kosovo" a atrair a atenção de quem estava "a ver os colegas morrer sem explicação". "Em 15 anos, mais de uma centena", segundo Minhoto.
Electricistas, administrativos, administradores, trabalhadores da prospecção - o cancro não está a poupar ninguém, e a explicação está no ar que era expulso para o exterior pelos exaustores. A poeira contaminada estava nas roupas que os mineiros e os outros levavam vestidas quando iam almoçar a casa, que eram "lavadas com as do resto da família". Até se vivia em casas construídas com material radioactivo, que "libertava muito radão", o gás produzido pela radioactividade, e, contam, numa mina em Mangualde os "agriões de um regato" próximo eram levados "para a cantina e para casa". Os avisos da Agência Internacional de Energia Atómica chegaram demasiado tarde para demasiadas pessoas. Morre-se muito. Na Urgeiriça e não só, pedem que, se for caso disso, os deixem morrer em paz.

MÓNICA SANTOS: O Jogo Online

Projecto-Lei


O Bloco de Esquerda apresentou, em Maio de 2005, (um projecto de resolução) que recomenda ao governo que proceda a medidas urgentes no sentido da requalificação ambiental de todas as áreas onde funcionaram minas de urânio. Como se pode ler, aí fazemos referência à saúde pública e ocorrência de neoplasias malignas. Uns dias antes, também em Maio de 2005, apresentámos (um projecto-lei) para alargar o regime de antecipação da idade de acesso à pensão para velhice, desde os 50 anos, a todos os trabalhadores que trabalharam na ENU - como é reivindicação da AZU. Já em 15 de Maio de 2002, o BE tinha apresentado (um projecto de resolução) (já caducado) sobre o encerramento da ENU onde se incluía:
delimitação, identificação, sinalização e vedação...
perímetros de protecção
monitorização de águas pluviais, cursos de água e solos
medidas para o minério
estudos epidemiológicos das populações
O Bloco de Esquerda é assim, muito largamente, o partido que mais se posicionou em defesa dos interesses dos trabalhadores e das populações afectadas. Nalguns exemplos, como em apresentação de projecto-lei, o único a fazê-lo.

maio 21, 2008

Antigos trabalhadores da ENU queixam-se de lhes estarem a ser cobrados exames médicos


- A comissão de antigos trabalhadores da Empresa Nacional de Urânio (ENU) denunciou hoje que o hospital de Viseu está a cobrar os exames realizados no âmbito do programa de intervenção em saúde iniciado em Novembro do ano passado.
Estes exames médicos eram há vários anos exigidos ao Governo pelos antigos trabalhadores da ENU - que estava sedeada na Urgeiriça, freguesia de Canas de Senhorim (Nelas) - atendendo aos riscos da radioactividade do urânio e ao facto de muitos colegas terem morrido com doenças cancerígenas.
Os antigos trabalhadores da ENU são inicialmente atendidos pelo médico de família no centro de saúde, onde respondem a um inquérito sobre o seu historial clínico e profissional, sendo-lhes depois dadas indicações para estarem em determinado dia no hospital de Viseu, para uma consulta de Medicina Interna, que visa fazer uma avaliação clínica com realização de exames complementares de diagnóstico.
No entanto, segundo disse à Agência Lusa o porta-voz da comissão de antigos trabalhadores da ENU, António Minhoto, tem sido exigido "a vários" o pagamento dos exames, que deveriam ser gratuitos.
António Minhoto contou que os trabalhadores estão "chocados", porque "conseguiram este direito e quando ainda lutam por outros, querem que este seja pago".
"E dizem na carta que enviam aos trabalhadores que eles têm 15 dias para liquidarem a dívida. Quem tem dívida para com os trabalhadores é o Estado", frisou.
Segundo António Minhoto, têm também chegado à comissão relatos de casos de extensões de saúde, nomeadamente dos concelhos de Mangualde e da Guarda, cujos médicos de família dizem desconhecer o programa lançado pelo Ministério da Saúde.
"Um antigo trabalhador foi à extensão de Santiago de Cassurrães e a médica negou-se a proporcionar o exame por desconhecer o programa. Foi depois ao centro de saúde de Mangualde mas não conseguiu falar com o responsável", exemplificou.
Frisou que seis meses após o início do programa, este deveria "ter já uma forma natural de funcionar", lamentando que a comissão tenha de continuar a ser "mais posto de informação do que o Ministério da Saúde".
António Minhoto garantiu que estas situações foram denunciadas aos responsáveis pelo programa mas, que como se mantêm, vão enviar um ofício a "pedir intervenção urgente" ao Ministério da Saúde.
Se não houver alterações, os antigos trabalhadores da ENU poderão mesmo "tomar uma posição de repúdio", concentrando-se junto ao edifício da Segurança Social ou ao hospital de Viseu.
Contactado pela Lusa, o delegado de saúde de Nelas, Bernardino Campos, da equipa coordenadora do programa, afirmou que se trata de "pequenos problemas excepcionais, que têm solução".
"Podem falar connosco [do centro de saúde de Nelas] ou com o hospital. Quando a máquina emperra nós pomos óleo. Estamos cá para resolver os problemas", garantiu.
Bernardino Campos disse que já enviou vários 'e-mails' ao hospital de Viseu a alertar para não cobrar os exames, considerando que tal situação se deve apenas "a um lapso de serviço" de funcionários que possam não estar a par do programa, uma situação considerada "normal" num hospital com 1.200 trabalhadores.
Quanto ao facto de haver médicos que desconhecem o programa, lembrou que "foi mandada informação para os directores dos centros de saúde".
O médico garantiu que o programa "está a funcionar muitíssimo bem", estando a adesão dos antigos trabalhadores a superar as expectativas iniciais, que eram de cerca de 200.
"Em finais de Maio, início de Junho devemos atingir os 250", avançou.
A ENU, que desde 1977 teve a seu cargo a exploração de urânio em Portugal, com minas a funcionar nos distritos de Viseu, Guarda e Coimbra, chegou a ter 614 trabalhadores.
A empresa de capital exclusivamente público entrou em processo de liquidação em 2001, numa altura em que tinha ainda 44 trabalhadores, e encerrou definitivamente no final de 2004, com apenas três.
AMF.Lusa/fim

maio 16, 2008

Reabilitação ambiental das minas radioactivas absorve 60 milhões até 2013


Até 2013, o plano de investimentos da EDM contempla 78 milhões de euros, correspondentes a 59 projectos. O Programa Operacional de Valorização do Território, no âmbito do Quadro de Referência Estratégico Nacional, atribui um financiamento de 45 milhões de euros. Cerca de 77 por cento do volume total de investimento é imputado às minas radioactivas, o que equivale a 60 milhões de euros. «Vamos privilegiar a área dos radioactivos, em cerca de 43 minas, num universo de 61. Algumas são de dimensões reduzidas, outras já estão requalificadas», adianta ao jornal Água&Ambiente Gaspar Nero, administrador da EDM.

Quinze anos depois da desactivação das minas de urânio, a reabilitação ainda só se faz sentir na Urgeiriça e algumas explorações limítrofes. Uma dessas minas situa-se na freguesia de Espinho, no concelho de Mangualde, e hoje quem lá passa não desconfia que alguma vez tenha existido actividade mineira. À semelhança da Urgeiriça, esta mina já foi objecto de requalificação ambiental. Um lago com 30 metros de profundidade, o equivalente a um prédio com 10 pisos, é o centro de um verdejante coberto vegetal, onde pontificam pedras da exploração mineira recuperadas para embelezamento natural.

A reabilitação ambiental da Barragem Velha é a mais (re)conhecida das 15 obras executadas até ao momento pela EDM – Empresa de Desenvolvimento Mineiro. Em 2001, a empresa e o Estado português assinaram o contrato de concessão da actividade de recuperação ambiental de áreas mineiras degradadas, por dez anos renováveis, mas os trabalhos só arrancaram no ano seguinte. Desde então, foram investidos 43 milhões de euros, co-financiados em 75 por cento pelo III Quadro Comunitário de Apoio (32 milhões de euros), em 25 projectos.
Ambiente OnLine

maio 01, 2008

1º de Maio... Convivio