nuvens...negras...
Nuvens negras sobrevoam os ceús da Urgeiriça.
Pior que as nuvens é o radão residual que impregna a atmosfera e que vai fazendo caminho pela vida das populações e o sangue dos trabalhadores.
Não é a silicose dos mineiros o que reduz a vida de quem deixou na mina, nas minas de urânio e na unidade de processamento do "bolo amarelo", o seu tempo, o seu trabalho e a sua vida. São os derrivados radioactivos, o césium e o torium, é o gaz inodoro e invisível, o radão, que deixa as suas marcas, que o tempo se encarrega de desenvolver...
Cordas vocais cortadas, tiroides tiradas, e o iodo a colmatar o défice, quando este não atinge o pulmão, o figado ou outro orgão...que levou tantos.
No encontro a pergunta que salta de uns para outros é: -como estás, temendo resposta...
Na Urgeiriça a escombreira é recurso para "construtores civis"... quando a areia não invade a estrada e os miudos nela rebolam.
Tudo aqui lembra o neo-realismo no seu melhor, as estórias, as vidas, a tia Ilda, o vetusto hotel, as casas senhoriais, a cabidela de coelho...Tudo isto existe, tudo isto é triste, há que mudar o fado.
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Ai Paulinha, Paulinha...
Recordei-me da Catherine Deneuve ( não sei porquê!) a olhar a caixinha na Belle de Jour ao ler que o P.P. tinha dito que para ele e os seus amigos ( nazis!) o Arbeit mach Frei ( o trabalho liberta).
Eles (os PPs) ainda vão descer mais baixo, esta gentalha só é superada pelos mestiços do PNR (claro que mestiços somos todos, só que eles como têm o neuróniozinho esturricado ainda não se deram conta...).
E lembrei-me de quando há vinte e tal anos referi num colóquio em Viseu que as minas da Urgeiriça e a estação de processamento eram uma fonte de enormes poluições ambientais e de problemas graves na saúde das populações e dos trabalhadores, como cancros, leucemias e impotência e que a única liberdade era encerrar os estaleiros e libertar do trabalho os trabalhadores antes que a morte os liberte da vida.
Claro que na altura quase fui agredido, por um delegado sindical como mentiroso. Hoje gostei de o ver vivo (pareceu-me que era ele!) e a dizer o que eu na altura disse, pena tantos terem morrido e tanta terra ter sido contaminada e tantos outros puderem vir a ser desta levados pela ceifeira, antes do tempo.
Claro que o trabalho não liberta, nem a Catherine Deneuve nos disse alguma vez o que estava na caixinha.
O trabalho é base da sustentabilidade o que liberta é o espirito.
E em relação ao trabalho o que é necessário é que cada um cumpra as suas obrigações e honre os contratos com transparência e no caso da ENU e do Urânio o que é de exigir é monitorização regular de toda, toda a população do zona da Urgeiriça e de outras zonas mineiras e especialmente de todos os que trabalhavam nas minas e suas áreas. E adequados pagamentos aos que lá trabalhavam (em tempo de reforma e montante compensatório desta e indeminização justa aos familiares dos que morreram).
E recuperar, adequadamente, e monitorizar permanentemente, as terras e estruturas construídas das zonas.
O Estado não liberta, honra os seus compromissos para com os que para ele em condições de alto risco, trabalhavam.É essa a direrença entre o nazismo e o Estado democrático, e de direito!
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