Guerra Nuclear Actual - Opinião de Dieter Dellinger
Um aderente do CPPC perguntou-me há dias qual o perigo de ser travada de uma guerra nuclear.
Respondi-lhe que desde 1990, as Forças Armadas Norte-Americanas têm feito uso de armamento nuclear em todos os conflitos em que entraram, nomeadamente no Kosovo, na primeira guerra do Golfo, na Bósnia, no Afeganistão e agora no Iraque com consequências extremamente funestas para o futuro dos povos envolvidos e até dos militares americanos.
Mas como assim? – Perguntou espantado o meu interlocutor.
Pela via das munições fabricadas com o Urânio 238 que sobrou do enriquecimento em U-235 para o fabrico das grandes armas nucleares. Esse U-238, dito gasto, “depleted” em inglês, é um material extremamente duro, mas permite ser fundido para o fabrico de balas de diversos calibres, granadas e ser utilizado como balastro nos mísseis de cruzeiro. Sendo muito duro, as balas das pequenas peças automáticas de 20 mm podem perfurar a blindagem de um carro de combate por via do atrito de choque que funde o aço e se não o atravessa, pelo menos, aquece de tal maneira a viatura que as suas munições explodem ou arde o combustível que leva. Mas, ao mesmo tempo forma-se uma nuvem de subpartículas microscópicas de òxido de U-238 que se espalham na atmosfera ou nos terrenos e podem ser inaladas por seres humanos ou animais, inquinar os aquíferos e entrar nas plantas cultivadas. Não sendo o U-238 muito radioactivo quando concentrado, pois terá apenas um terço da radioactividade do Urânio natural, torna-se mortal quando transformado num spray de partículas microscópicas insolúveis de óxido que apresentam no seu todo uma enorme superfície de contacto, principalmente se forem inaladas por seres humanos. Na Bósnia, alguns soldados portugueses foram vítimas desse material, tendo, pelo menos, um falecido, sem que os médicos militares tenham querido revelar a origem do mal. Acrescente-se que o U-238 perde metade da sua radioactividade em 4,5 mil milhões de anos, pelo que continua a exercer a sua acção letal até ao fim do Planeta.
Como é sabido, esclareci, o Urânio existe na natureza sob a forma de óxidos de urânio em diversos minerais como a pechblenda, a calcolite ou a autonite, para citar apenas alguns dos minérios uraníferos das minas de Urgeiriça. Nesses óxidos, o Urânio é uma mistura de dois isótopos, sendo geralmente 99,3% de U-238 pouco radioactivo e não cindível, portanto, sem uso nas grandes bombas e 0,7% de U-235 que é cindível e utilizável nos reactores nucleares e, bem assim, nas bombas. Nos processos de enriquecimento, o óxido de Urânio natural é transformado em hexafluoreto de Urânio. Depois, por centrifugação, separam-se os compostos mais pesados com U-238 dos mais leves com U-235. Ficam portanto toneladas de U-238 inaproveitadas, baratas ou gratuitas, que os americanos aproveitaram para endurecerem todos os seus projécteis explosivos e de impacto apenas.
Em Abril de 1991, um mês após a guerra do Bush Pai no Golfo, um relatório secreto da Autoridade Britânica para a Energia Nuclear veio parar a um jornal que revelou a natureza tóxica do pó de U-238 e que foram então deixados no campo de batalha cerca de 40 toneladas do referido elemento, o qual poderia vir a causar nalgumas décadas mais de meio milhão de mortos.
Os EUA dispararam 375 toneladas de munições com pontas de U-238 na Guerra do Golfo, 800 na do Afeganistão e 2.200 toneladas na invasão do Iraque. O facto de os combates terem sido travados em zonas pouco habitadas ou desérticas não elimina o perigo do pó de urânio que ficou para sempre nos referidos locais.
As crianças são extremamente sensíveis ao referido pó que entra na circulação sanguínea e participa no crescimento ósseo com graves consequências cancerígenas. O U-238 é mutagénico por via das radiações alfa e gama que emite, as quais não sendo suficientes para se tornarem imediatamente letais, não deixam de ser extremamente perigosas quando entram nos pulmões e, como tal, no metabolismo humano ou animal.
Por isso, também os filhos de pessoas que tiveram contactos com o pó de Urânio 238 podem nascer com malformações, o que aconteceu a 251 veteranos norte-americanos da Guerra do Golfo.
Os riscos causados pelo pó são tanto de natureza química como radiológica e nos EUA foi divulgado um relatório do Dr। Asaf Durakovic, ex-chefe da Divisão de Ciências Nucleares do Instituto de Radiobiologia das Forças Armadas, que constata o facto de mais de 90 mil veteranos das guerras nucleares americanas estarem a sofrer de uma “desconhecida” doença debilitante crónica originada pelo pó de Urânio 238. O referido médico foi expulso das FAs e fundou o “Uranium Medical Research Centre” que tem alertado a opinião pública americana e mundial para o perigo do uso sistemático das munições de urânio que eleva a guerra dita convencional para um patamar pré-nuclear
http://cppc।blogs.sapo.pt/
maio 10, 2007
O Urânio...Parte I
Publicada por ®efeneto à(s) 20:05
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