O portal de Canas de Senhorim

fevereiro 08, 2009

Mineiros da antiga ENU em protesto

Vídeo País
2009-02-08 14:27:46Mineiros da antiga ENU em protesto
Perto de uma centena de trabalhadores da antiga empresa nacional de urânio, regressaram hoje às ruas do distrito de Viseu.
Numa marcha de protesto, ao longo de 25 quilómetros, voltaram a apelar ao Governo para que sejam abrangidos pelo mesmo decreto, que os trabalhadores de fundo de mina.
Veja tudo em:

*+*+*+*+*

Artigos relacionados


Perto de cem antigos trabalhadores da Empresa Nacional de Urânio (ENU) cumpriram este domingo mais uma jornada de luta, pedindo ao Governo que seja justo e dê resposta às suas reivindicações, avança a agência Lusa.
Alternando percursos a pé e de autocarro, os antigos trabalhadores percorreram os cerca de 25 quilómetros entre a Urgeiriça (Canas de Senhorim, Nelas) e a Cunha Baixa (Mangualde) - dois importantes coutos mineiros da ENU - gritando frases como «A luta continua» e «Sócrates escuta, os mineiros estão em luta».
Indemnizações aos familiares dos que morreram
Em causa está o facto de mesmo aqueles que não tinham vínculo à ENU na data da sua dissolução virem a ser abrangidos por um decreto-lei (nº 28/2005, de 10 de Fevereiro) que os equipare a trabalhadores de fundo de mina, dando benefícios na idade da reforma, e o pagamento de indemnizações aos familiares dos que morreram de doenças relacionadas com a exposição à radioactividade.
Os antigos trabalhadores saíram a pé cerca das 8h30 de junto das instalações da ENU, na Urgeiriça, e fizeram a sua primeira paragem junto à Barragem Velha, antigo local de depósito dos resíduos da exploração do urânio, que entretanto foi selado.
Homenagem aos ex-trabalhadores da ENU falecidos
Aí, como explicou o porta-voz da comissão de antigos trabalhadores da ENU, António Minhoto, num gesto simbólico, colocaram uma placa com a inscrição «Inauguração em homenagem aos ex-trabalhadores da ENU falecidos».
Cinco anos de luta sem resultados
Segundo António Minhoto, «ao fim de cinco anos de luta» os antigos trabalhadores da ENU não têm «outra saída senão vir para a rua e exigir que este Governo seja demitido e que uma nova política e um novo Governo» saiam das próximas eleições.
Presente na «marcha» esteve a eurodeputada do PCP Ilda Figueiredo, a mostrar a solidariedade com a luta dos antigos mineiros e das populações da região. «Lutam para que lhes sejam reconhecidos os direitos de um trabalho muito duro e perigoso. Sabemos que estas não eram umas minas quaisquer, mas minas de urânio, e que, portanto, as pessoas despedidas ou que de algumas forma deixaram de trabalhar porque as minas entretanto encerraram têm hoje sintomas do trabalho duro e das radiações», justificou à agência Lusa.
Sintomas das radiações
Ilda Figueiredo lembrou que «o Governo já por diversas vezes prometeu que ia resolver o problema, mas o problema continua por resolver», havendo ainda mineiros que não fizeram os exames médicos completos e viúvas «a receber reformas de miséria porque os maridos morreram devido ao trabalho na mina».
«Quando é para o sector financeiro aí está o Governo prontinho a abrir os cordões do cofre do Estado para dar todo o apoio, quando se trata de trabalhadores ex-mineiros, de gente que sofre as consequências das radiações das minas de urânio, o Governo fica quieto e calado e faz de conta que não houve».
IOL diário


*+*+*+*+*

Os antigos trabalhadores da Empresa Nacional de Urânio (ENU) voltaram a sair à rua em protesto pela equiparação a trabalhadores de fundo de mina, situação que só abrangeu alguns daqueles funcionários desde que a mina encerrou em 2004. Ontem, os antigos trabalhadores da ENU realizaram uma marcha a pé que ligou as minas da Urgeiriça, em Nelas, à mina da Cunha Baixa, já no concelho de Mangualde.

Sedeada na Urgeiriça, a ENU teve desde 1977 a seu cargo a exploração de minas de urânio em Portugal. A empresa entrou em processo de liquidação em 2001 e encerrou definitivamente no final de 2004. Mas nem todos os mineiros foram equiparados a trabalhadores de fundo de mina, que concedeu benefícios na reforma e apoio social aos familiares dos mineiros mortos. Desde que a mina encerrou já morreram 115 mineiros de cancro e doenças provocadas pela radioactividade.

A mina, propriedade do Estado, encerrou em definitivo em 2005 e a maioria dos trabalhadores foi equiparada a trabalhadores de fundo de mina. Porém, de fora ficaram quase quatro centenas de mineiros que foram dispensados em 1991 quando começou o abandono da exploração mineira da Urgeiriça.

Na marcha em que participou meia centena de mineiros, os antigos trabalhadores da ENU voltaram a exigir "benefícios na idade da reforma e o pagamento de indemnizações aos familiares das vítimas de radioactividade". António Minhoto, porta-voz dos antigos trabalhadores da ENU, garantiu que "vão continuar a lutar para que o Parlamento aprove legislação para equiparar todos os mineiros da ENU a trabalhadores do fundo de mina e consequentemente a verem garantidos os seus direitos".

Em Janeiro, PCP, Bloco de Esquerda e PSD apresentaram novos projectos de lei de apoio aos antigos mineiros e familiares para "garantir reformas e indemnizações para todos os trabalhadores e viúvas". Minhoto deixou claro que se a legislação não for aprovada os mineiros da Urgeiriça "continuarão a exigir na rua os seus direitos" e não pôs de parte novos protestos.
DN - AMADEU ARAÚJO, Viseu

Sem comentários: