Os ex-trabalhadores lutam desde 2005para que os direitos estipulados no Decreto-Lei 28/2005 atribuídos aos últimos trabalhadores que ficaram na ENU sejam extensivos a todos, conferindo-lhes para efeitos de reforma, a contagem de tempo igual á dos mineiros.
Numa empresa do Estado onde todos contribuíram para a produção de riqueza para o país, não pode haver filhos e enteados pois todos estiveram sujeitos aos perigos da exposição prolongada à radioactividade.
No que diz respeito aos exames médicos, alguns ex-trabalhadores continuam sem o respectivo exame, contrariando-se assim as resoluções do Governo.
Porque já faleceram por doenças do foro Oncológico mais de 115 trabalhadores, o Estado deve assumir perante as viúvas a atribuição de uma indemnização.
Estas razões são apoiadas pelos partidos PSD, CDS, BE, PCP, Verdes e até o próprio PS admitiu em plenário de trabalhadores, em 2005, que o Estado tinha uma dívida para com os ex-trabalhadores da ENU e por isso, os trabalhadores não desistem de lutar.
Apela-se à solidariedade das populações onde a marcha irá passar, que nas suas localidades acompanhem a mesma, mostrando com este gesto o repúdio por o governo ainda não decidir por tal justiça.
Saída da Urgeiriça: 08.30 h em percurso solidário, a pé, até à barragem;
Passagem por Nelas:
Mata das Alminhas às 09.30 h seguindo-se o percurso solidário, a pé, até ao campo de futebol;
Passagem em Moimenta do Dão:
Cruzamento da estação às 10.30 h seguindo-se o percurso solidário, a pé, até ao cruzamento de Água Levada;
Passagem em Mangualde:
Cruzamento junto à Citroën às 11.30 h seguindo-se o percurso solidário, a pé, até Cubos;
Cunha Baixa:
Cruzamento da estrada Mangualde/Cunha às 12.30 h seguindo-se o percurso solidário, a pé.
Chegada à Mina da Cunha Baixa: 13.30 h.
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Ex-trabalhadores da ENU realizam marcha no domingo
Antigos trabalhadores da Empresa Nacional de Urânio (ENU) vão percorrer domingo os cerca de 25 quilómetros entre a Urgeiriça (Canas de Senhorim, Nelas) e a Cunha Baixa (Mangualde), alternando percursos a pé e de autocarro.
Com esta iniciativa, que ligará aqueles que foram dois importantes coutos mineiros da ENU, os antigos trabalhadores exigem resposta às suas reivindicações.
Em causa está a reivindicação para que mesmo aqueles que não tinham vínculo à ENU na data da sua dissolução venham a ser abrangidos por um decreto-lei (nº 28/2005, de 10 de Fevereiro) que os equipare a trabalhadores de fundo de mina, dando benefícios na idade da reforma, e o pagamento de indemnizações aos familiares dos que morreram de doenças relacionadas com a exposição à radioactividade.
Esta acção de protesto foi aprovada em plenário no último domingo e, segundo disse hoje à Agência Lusa o porta-voz da comissão de antigos trabalhadores da ENU, António Minhoto, «está a conseguir uma boa mobilização».
«Os trabalhadores e as suas famílias estão a aderir bem, mesmo com o mau tempo que se espera. Vai ser uma grande jornada de luta, em que temos a solidariedade da Junta de Freguesia da Cunha Baixa», frisou.
Por isso, «quer chova, quer faça sol», garantiu que «a marcha vai realizar-se, porque a luta tem sido muito difícil e não é a chuva que vai desanimar os trabalhadores».
A «marcha» sai às 08:30 das instalações onde funcionou a ENU, na Urgeiriça, e deverá chegar às 13:30 à Cunha Baixa. Os troços de estrada que passem por populações serão feitos a pé e os restantes de autocarro.
Será distribuído um comunicado às populações onde a «marcha» passa a apelar que a acompanhem, mostrando com este gesto o «repúdio por o Governo ainda não ter decidido fazer justiça».
«Nestes dois locais concentraram-se muitos dos ex-trabalhadores da ENU. As mortes acontecem e as dificuldades de saúde existem», frisou António Minhoto, lembrando também que, apesar de a requalificação ambiental das minas já ter começado na Urgeiriça, o mesmo não aconteceu ainda na Cunha Baixa, que continua «abandonada».
A comissão estima que já tenham falecido com doenças cancerígenas mais de 115 trabalhadores da ENU. No final do ano foi conhecido mais um caso de cancro de pulmão.
António Minhoto lamentou que, apesar de o Governo ter avançado com os exames médicos aos antigos trabalhadores da ENU, dando assim resposta àquela que era uma das suas reivindicações, um ano e três meses depois do seu início, alguns ainda não os realizaram.
«Domingo, no final da marcha, vai estar um trabalhador a quem foi diagnosticado cancro de pulmão e que está a fazer quimioterapia, que não tinha feito os exames médicos», contou.
A 07 de Março do ano passado, o PS chumbou na Assembleia da República os projectos de lei do BE, PCP e PSD que davam resposta às reivindicações dos trabalhadores.
Segundo informou António Minhoto no plenário, os mesmos partidos apresentaram em Dezembro e Janeiro novos projectos de lei sobre os mesmos assuntos, ainda que com algumas alterações.
Sedeada na Urgeiriça, a ENU teve desde 1977 a seu cargo a exploração de minas de urânio em Portugal. A empresa entrou em processo de liquidação em 2001 e encerrou definitivamente no final de 2004.
Diário Digital / Lusa
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