Vítor Morais vive com o cancro atravessado na garganta. Não é o único, mas, no caso dele, é mesmo uma linha fina, ficou-lhe da cirurgia para extracção de um tumor maligno na tiróide, diagnosticado em 2004. Tem 56 anos, nunca desceu às minas de extracção de urânio, mas isso não chegou para o deixar a salvo da tragédia que, em meia dúzia de distritos, vai matando os ex-trabalhadores da extinta Empresa Nacional de Urânio, sem que o Estado lhes reconheça o direito a que o desgaste terrível a que não se sabiam expostos conte para efeito de reforma na mesma proporção dos mineiros. Recentemente, o Governo homenageou os mortos, mas, na votação na Assembleia da República, recusou cuidar dos vivos, e estes vão pedir ajuda a Scolari.
O pedido para um encontro será feito hoje, garante António Minhoto, porta-voz dos antigos trabalhadores da companhia, extinta em 2001. De Viseu à Urgeiriça, é menos de meia hora, e, ali, com as instalações em vias de requalificação em redor, percebe-se do que falam estes homens e mulheres que conviveram com material radioactivo sem qualquer protecção. Nas minas e no tratamento do urânio, havia a protecção básica, mas nem só os mineiros estão a morrer. Primeiro foi o desastre de Chernobyl e depois "o caso de um soldado português contaminado no Kosovo" a atrair a atenção de quem estava "a ver os colegas morrer sem explicação". "Em 15 anos, mais de uma centena", segundo Minhoto.
Electricistas, administrativos, administradores, trabalhadores da prospecção - o cancro não está a poupar ninguém, e a explicação está no ar que era expulso para o exterior pelos exaustores. A poeira contaminada estava nas roupas que os mineiros e os outros levavam vestidas quando iam almoçar a casa, que eram "lavadas com as do resto da família". Até se vivia em casas construídas com material radioactivo, que "libertava muito radão", o gás produzido pela radioactividade, e, contam, numa mina em Mangualde os "agriões de um regato" próximo eram levados "para a cantina e para casa". Os avisos da Agência Internacional de Energia Atómica chegaram demasiado tarde para demasiadas pessoas. Morre-se muito. Na Urgeiriça e não só, pedem que, se for caso disso, os deixem morrer em paz.
O pedido para um encontro será feito hoje, garante António Minhoto, porta-voz dos antigos trabalhadores da companhia, extinta em 2001. De Viseu à Urgeiriça, é menos de meia hora, e, ali, com as instalações em vias de requalificação em redor, percebe-se do que falam estes homens e mulheres que conviveram com material radioactivo sem qualquer protecção. Nas minas e no tratamento do urânio, havia a protecção básica, mas nem só os mineiros estão a morrer. Primeiro foi o desastre de Chernobyl e depois "o caso de um soldado português contaminado no Kosovo" a atrair a atenção de quem estava "a ver os colegas morrer sem explicação". "Em 15 anos, mais de uma centena", segundo Minhoto.
Electricistas, administrativos, administradores, trabalhadores da prospecção - o cancro não está a poupar ninguém, e a explicação está no ar que era expulso para o exterior pelos exaustores. A poeira contaminada estava nas roupas que os mineiros e os outros levavam vestidas quando iam almoçar a casa, que eram "lavadas com as do resto da família". Até se vivia em casas construídas com material radioactivo, que "libertava muito radão", o gás produzido pela radioactividade, e, contam, numa mina em Mangualde os "agriões de um regato" próximo eram levados "para a cantina e para casa". Os avisos da Agência Internacional de Energia Atómica chegaram demasiado tarde para demasiadas pessoas. Morre-se muito. Na Urgeiriça e não só, pedem que, se for caso disso, os deixem morrer em paz.
MÓNICA SANTOS: O Jogo Online
1 comentário:
Obrigada pela presença especial em meu blog.
Beijo.
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