- A comissão de antigos trabalhadores da Empresa Nacional de Urânio (ENU) denunciou hoje que o hospital de Viseu está a cobrar os exames realizados no âmbito do programa de intervenção em saúde iniciado em Novembro do ano passado.
Estes exames médicos eram há vários anos exigidos ao Governo pelos antigos trabalhadores da ENU - que estava sedeada na Urgeiriça, freguesia de Canas de Senhorim (Nelas) - atendendo aos riscos da radioactividade do urânio e ao facto de muitos colegas terem morrido com doenças cancerígenas.
Os antigos trabalhadores da ENU são inicialmente atendidos pelo médico de família no centro de saúde, onde respondem a um inquérito sobre o seu historial clínico e profissional, sendo-lhes depois dadas indicações para estarem em determinado dia no hospital de Viseu, para uma consulta de Medicina Interna, que visa fazer uma avaliação clínica com realização de exames complementares de diagnóstico.
No entanto, segundo disse à Agência Lusa o porta-voz da comissão de antigos trabalhadores da ENU, António Minhoto, tem sido exigido "a vários" o pagamento dos exames, que deveriam ser gratuitos.
António Minhoto contou que os trabalhadores estão "chocados", porque "conseguiram este direito e quando ainda lutam por outros, querem que este seja pago".
"E dizem na carta que enviam aos trabalhadores que eles têm 15 dias para liquidarem a dívida. Quem tem dívida para com os trabalhadores é o Estado", frisou.
Segundo António Minhoto, têm também chegado à comissão relatos de casos de extensões de saúde, nomeadamente dos concelhos de Mangualde e da Guarda, cujos médicos de família dizem desconhecer o programa lançado pelo Ministério da Saúde.
"Um antigo trabalhador foi à extensão de Santiago de Cassurrães e a médica negou-se a proporcionar o exame por desconhecer o programa. Foi depois ao centro de saúde de Mangualde mas não conseguiu falar com o responsável", exemplificou.
Frisou que seis meses após o início do programa, este deveria "ter já uma forma natural de funcionar", lamentando que a comissão tenha de continuar a ser "mais posto de informação do que o Ministério da Saúde".
António Minhoto garantiu que estas situações foram denunciadas aos responsáveis pelo programa mas, que como se mantêm, vão enviar um ofício a "pedir intervenção urgente" ao Ministério da Saúde.
Se não houver alterações, os antigos trabalhadores da ENU poderão mesmo "tomar uma posição de repúdio", concentrando-se junto ao edifício da Segurança Social ou ao hospital de Viseu.
Contactado pela Lusa, o delegado de saúde de Nelas, Bernardino Campos, da equipa coordenadora do programa, afirmou que se trata de "pequenos problemas excepcionais, que têm solução".
"Podem falar connosco [do centro de saúde de Nelas] ou com o hospital. Quando a máquina emperra nós pomos óleo. Estamos cá para resolver os problemas", garantiu.
Bernardino Campos disse que já enviou vários 'e-mails' ao hospital de Viseu a alertar para não cobrar os exames, considerando que tal situação se deve apenas "a um lapso de serviço" de funcionários que possam não estar a par do programa, uma situação considerada "normal" num hospital com 1.200 trabalhadores.
Quanto ao facto de haver médicos que desconhecem o programa, lembrou que "foi mandada informação para os directores dos centros de saúde".
O médico garantiu que o programa "está a funcionar muitíssimo bem", estando a adesão dos antigos trabalhadores a superar as expectativas iniciais, que eram de cerca de 200.
"Em finais de Maio, início de Junho devemos atingir os 250", avançou.
A ENU, que desde 1977 teve a seu cargo a exploração de urânio em Portugal, com minas a funcionar nos distritos de Viseu, Guarda e Coimbra, chegou a ter 614 trabalhadores.
A empresa de capital exclusivamente público entrou em processo de liquidação em 2001, numa altura em que tinha ainda 44 trabalhadores, e encerrou definitivamente no final de 2004, com apenas três.
AMF.Lusa/fim
Estes exames médicos eram há vários anos exigidos ao Governo pelos antigos trabalhadores da ENU - que estava sedeada na Urgeiriça, freguesia de Canas de Senhorim (Nelas) - atendendo aos riscos da radioactividade do urânio e ao facto de muitos colegas terem morrido com doenças cancerígenas.
Os antigos trabalhadores da ENU são inicialmente atendidos pelo médico de família no centro de saúde, onde respondem a um inquérito sobre o seu historial clínico e profissional, sendo-lhes depois dadas indicações para estarem em determinado dia no hospital de Viseu, para uma consulta de Medicina Interna, que visa fazer uma avaliação clínica com realização de exames complementares de diagnóstico.
No entanto, segundo disse à Agência Lusa o porta-voz da comissão de antigos trabalhadores da ENU, António Minhoto, tem sido exigido "a vários" o pagamento dos exames, que deveriam ser gratuitos.
António Minhoto contou que os trabalhadores estão "chocados", porque "conseguiram este direito e quando ainda lutam por outros, querem que este seja pago".
"E dizem na carta que enviam aos trabalhadores que eles têm 15 dias para liquidarem a dívida. Quem tem dívida para com os trabalhadores é o Estado", frisou.
Segundo António Minhoto, têm também chegado à comissão relatos de casos de extensões de saúde, nomeadamente dos concelhos de Mangualde e da Guarda, cujos médicos de família dizem desconhecer o programa lançado pelo Ministério da Saúde.
"Um antigo trabalhador foi à extensão de Santiago de Cassurrães e a médica negou-se a proporcionar o exame por desconhecer o programa. Foi depois ao centro de saúde de Mangualde mas não conseguiu falar com o responsável", exemplificou.
Frisou que seis meses após o início do programa, este deveria "ter já uma forma natural de funcionar", lamentando que a comissão tenha de continuar a ser "mais posto de informação do que o Ministério da Saúde".
António Minhoto garantiu que estas situações foram denunciadas aos responsáveis pelo programa mas, que como se mantêm, vão enviar um ofício a "pedir intervenção urgente" ao Ministério da Saúde.
Se não houver alterações, os antigos trabalhadores da ENU poderão mesmo "tomar uma posição de repúdio", concentrando-se junto ao edifício da Segurança Social ou ao hospital de Viseu.
Contactado pela Lusa, o delegado de saúde de Nelas, Bernardino Campos, da equipa coordenadora do programa, afirmou que se trata de "pequenos problemas excepcionais, que têm solução".
"Podem falar connosco [do centro de saúde de Nelas] ou com o hospital. Quando a máquina emperra nós pomos óleo. Estamos cá para resolver os problemas", garantiu.
Bernardino Campos disse que já enviou vários 'e-mails' ao hospital de Viseu a alertar para não cobrar os exames, considerando que tal situação se deve apenas "a um lapso de serviço" de funcionários que possam não estar a par do programa, uma situação considerada "normal" num hospital com 1.200 trabalhadores.
Quanto ao facto de haver médicos que desconhecem o programa, lembrou que "foi mandada informação para os directores dos centros de saúde".
O médico garantiu que o programa "está a funcionar muitíssimo bem", estando a adesão dos antigos trabalhadores a superar as expectativas iniciais, que eram de cerca de 200.
"Em finais de Maio, início de Junho devemos atingir os 250", avançou.
A ENU, que desde 1977 teve a seu cargo a exploração de urânio em Portugal, com minas a funcionar nos distritos de Viseu, Guarda e Coimbra, chegou a ter 614 trabalhadores.
A empresa de capital exclusivamente público entrou em processo de liquidação em 2001, numa altura em que tinha ainda 44 trabalhadores, e encerrou definitivamente no final de 2004, com apenas três.
AMF.Lusa/fim
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Urgeiriça no jornal O Jogo
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