Governo abre corrida ao urânio
10 empresas interessadas em explorar o minério usado na produção de nuclear.
Gilda Sousa
A crescente procura mundial de energia está a colocar Portugal no mapa das empresas de prospecção. Vêm à procura de petróleo, mas também de urânio, o combustível utilizado nas centrais nucleares de produção de electricidade. No primeiro caso, está-se ainda na fase de pesquisa. Quanto ao urânio, sabe-se que há um jazigo em Nisa, no Alentejo, com viabilidade económica. E há já 10 empresas interessadas no negócio.
O Governo já deu instruções para a elaboração de um caderno de encargos com vista à abertura de um concurso por convite. Segundo Carlos Caxaria, subdirector da Direcção Geral da Energia e Geologia (DGEG) o trabalho está pronto. Falta apenas a decisão política de avançar. A Economia mantém o silêncio sobre o que o Governo pretende fazer. A sensibilidade da opinião pública em torno da radioactividade será uma dos factores a ter em conta pelo Executivo. No entanto, Carlos Caxaria diz que essa polémica é “muito artificial” e sublinha que o Governo vai exigir experiência na exploração de urânio aos participantes no concurso. O eventual défice de cuidados que houve no passado em relação ao ambiente e à protecção dos trabalhadores está ultrapassado, afirma. De resto, acrescenta, a EDM – Empresa de Desenvolvimento Mineiro tem provas dadas nesta área. A empresa pública conduz os trabalhos de recuperação ambiental das 61 minas de urânio descativadas. A última, a da Urgeiriça, em Viseu foi encerrada há 15 anos. Nisa esteve para ser aberta no início da década de 90, mas para ser viável o preço do urânio teria de passar a barreira dos 20 dólares e, na altura a cotação estava abaixo, nos 18/19 dólares, explica o responsável da DGEG. Nos últimos cinco anos, o preço multiplicou por 10. Recentemente, a SXR Uranium, estima que no próximo ano, este minério possa chegar aos 250 dólares. É este mesmo factor que explica o renovado interesse pela pesquisa de outros metais no nosso país, conhecido “riqueza e diversidade” geológica. O Governo atribuiu, no final de Maio, 11 novas concessões para prospecção de volfrâmio, zinco, cobre, ouro, prata, estanho, ferro.
EDM na calha para privatizar
Esta participação numa futura mina de urânio pode dar um contributo importante para a privatização da EDM- Empresa de Desenvolvimento Mineiro. O Governo deu este ano orientações à administração, liderado por Delfim de Carvalho, para preparar a empresa para a venda. E isso passa pela valorização. Nesta altura, a EDM está limitada à recuperação das minas abandonadas. Os activos mais interessantes dependem da exploração. Neste âmbito, além do urânio, há uma hipótese de abrir uma nova mina de cobre em Gavião e de participar nas novas descobertas da Eurozinc no Alentejo.
Caderno encargos
- Participação nacional: exige-se que a empresa vencedora dê pelo menos 25% do capital da sociedade mineira à EDM, podendo esta posição ir até 40%.
- Contrapartida: o vencedor terá de pagar cinco milhões de euros à cabeça. É uma espécie de direito de entrada.- Royalties: o vencedor terá de pagar, por ano, entre 2,5% e 6,5% ao Estado sobre o valor da venda do minério à saída da mina.
1 comentário:
Conheço Urgeiriça de passagem, quando vou pelo IP3 e depois já não sei estrada directo a Nelas para seguir para Gouveia.
Apenas conheço de passagem e as minas ali estão, à beira estrada.
Mas não existe agora alguma celeuma devido a contaminações do Urânio? Vão reabrir tal qual?
Abraço.
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