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Radiometria vai mostrar segurança das instalações
A Empresa de Desenvolvimento Mineiro (EDM), entidade responsável pela requalificação ambiental das escombreiras das minas de urânio da Urgeiriça, no concelho de Nelas, garante que os resíduos radioactivos ali depositados "estão devidamente selados e não oferecem risco de escorrimento e anormal fuga de radiações". Opinião que é contrariada por alguns técnicos ouvidos pelo DN. A empresa reagiu assim à notícia do DN, que ontem que deu a conhecer a repetição das escorrências das lamas radioactivas ali depositadas. Na Urgeiriça acumularam-se quatro milhões de toneladas de resíduos resultantes da exploração do urânio. O local começou a ser selado em 2006 e já nesse ano as fortes chuvas encheram a barragem e provocaram o escorrimento das lamas radioactivas para o rio Mondego. Na terça-feira a chuva provocou um rompimento da cobertura de terra, o ultimo anel da protecção que isolou os desperdícios da laboração de urânio. Conforme contou ao DN um trabalhador, "as lamas chegaram ao caminho envolvente mas não furaram a camada de argila nem o geotêxtil". De acordo com Conceição Chamusca, porta-voz da EDM, a requalificação permitiu "selar os desperdícios da exploração de urânio com recurso a duas camadas de argila num total de 60 centímetros de espessura, de tela betuminosa e geotêxtil, e de brita e areia como materiais inertes de protecção". Toda esta operação foi coberta com terra, a que se seguiu a colocação de coberto vegetal. A responsável da EDM adianta que "o escorrimento diz respeito somente à terra vegetal de cobertura da obra". A empresa adianta que o coberto vegetal, "por ser recente, não se desenvolveu o suficiente para assegurar a normal consolidação". O que levou a que a chuva causasse "um pequeno ravinamento nessa terra". O "ravinamento", segundo apurou o DN junto de outro técnico da obra, é na prática "um abatimento do coberto que estava fresco e no qual as chuvas, ao escorrer pela estrutura, abriram uns regos que não chegaram à tela de protecção". Mas de acordo com dois especialistas ouvidos pelo DN, a obra necessitava de mais tempo para que se consolidasse a compactação da estrutura. Elisa Preto, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, sustenta que o " processo de neutralização do urânio é muito moroso". Cuidados que se justificam quando " o urânio é um mineral que tem reacções em cadeia, isto é, a sua acumulação provoca a formação de outros materiais radioactivos. Quando há roturas numa das camadas do invólucro de protecção poderemos assistir à dispersão da radiação". Um risco que, de acordo com Romão Trindade, do Instituto Tecnológico e Nuclear, será sempre "relativo de acordo com aquilo que nos estamos a proteger. Mas no caso em apreço quando chove muito a areia, brineutralização do urânio é muito moroso". Cuidados que se justificam por o "urânio ser um mineral que tem reacções em cadeia, isto é a sua acumulação provoca a formação de outros materiais radioactivos. Quando há roturas numa das camadas do invólucro de protecção poderemos assistir à dispersão da radiação". Um risco que, de acordo com Romão Trindade, do Instituto Tecnológico e Nuclear, será sempre "relativo. Mas quando chove muito, a areia, brita e terra esboroam-se e a protecção fica bastante mais frágil". Apesar disso a EDM garante a segurança da instalação e adianta que "este facto poderá ser comprovado com leituras radiométricas" que irão ser feitas aquando da inauguração da obra.
AMADEU ARAÚJO, Viseu Diário de Noticias
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