O portal de Canas de Senhorim

maio 02, 2010

Antigos mineiros da Urgeiriça admitem lutar nos tribunais

Os antigos trabalhadores da extinta Empresa Nacional de Urânio (ENU) admitem recorrer aos tribunais caso o Governo não resolva o problema do pagamento das indemnizações devidas aos familiares dos colegas que morreram com doenças associadas à exposição à radioactividade.
Num plenário, que decorreu na sexta-feira na Urgeiriça, os trabalhadores mostraram-se satisfeitos com a aprovação na véspera do decreto-lei que «abrange 90 e tal por cento das reivindicações da família mineira».
Porém, decidiram continuar a lutar, «pela via da diplomacia», para que sejam pagas as indemnizações aos trabalhadores que «morreram por servir o Estado».
No final do plenário, em declarações à Lusa e à RTP, o porta-voz dos trabalhadores, António Minhoto, manifestou a sua convicção de que «também este assunto vai ser resolvido com êxito». Contudo, «se porventura a situação não for aprovada pelo Governo, seguirá para tribunal».
«Os partidos já se predispuseram a constituir-se como testemunhas no processo»,
acrescentou.
António Minhoto adiantou que vai ser enviada ao Governo «uma nova exposição fundamentada com o decreto-lei aprovado» e «propor ao provedor de Justiça que inverta esta situação, assim como solicitar aos partidos que intervenham novamente junto do Governo».
Os ex-trabalhadores da ENU presentes no plenário receberam com muitas palmas a notícia de que o Parlamento aprovou na quinta-feira, em votação final global, com a abstenção do PS, um decreto-lei que «enquadra as grandes questões reivindicadas».
O diploma permite que mesmo os antigos trabalhadores sem vínculo à ENU na data da sua dissolução possam ter benefícios na idade da reforma, desde que tenham trabalhado pelo menos quatro anos.
Prevê também o acompanhamento médico a estes ex-trabalhadores, bem como aos seus familiares directos.
«Já andávamos desanimados, mas finalmente conseguiu-se esta grande vitória e vão-nos dar aquilo a que temos direito», congratulou-se Fernando Moitas, que trabalhou na ENU durante 29 anos.
Também o colega José Loureiro partilhou a sua satisfação, apesar de não esquecer «as indemnizações para as viúvas, que merecem que esta luta continue».
O porta voz dos trabalhadores, António Minhoto, considerou que a luta de vários anos foi difícil, mas «valeu a pena».

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