O portal de Canas de Senhorim

setembro 30, 2008


Vitalidade; Juventude e Encanto na chegada.

Sejam Bem-Vindos

Matar Saudades...


...emigrantes que voltaram ás origens
matarem saudades....

setembro 26, 2008

Na primeira pessoa


Um dia destes, escapando-me do sol inclemente e dos fedorentos contentores colocados junto à minha casa (nem sei se lhe posso chamar assim pois começo a interrogar-me como vou acabar de a pagar!) efectuei, em vez da pouco convidativa e contra-indicada caminhada, um pequeno passeio pelo Bairro da Urgeiriça, usufruindo a fresca sombra proporcionada pelos frondosos plátanos e tílias dispersos pelas bermas das ruas e jardins.
Já no fim, depois de revisitar o depósito e forno comunitário, sentei-me no muro que contorna o velhinho e de novo abandonado campo de futebol. Ali, à minha frente, a baliza norte, tinha um encanto especial. Era nela que com os colegas realizávamos os treinos de finalização (o muro livrava-nos de ir buscar as bolas à horta do Dias, como era na do lado oposto). Era junto a ela – primeiro feita de madeira em quina viva e depois em ferro redondo- que tirávamos todas as fotografias!
Desfolhando mentalmente o meu livro de memórias, recordei particularmente dois golos que nela se registaram e como nunca mais vi: - Um do velho Portugal contra a “Lufapo”, de Coimbra, num voo rente ao chão, em que, depois de forte cabeçada, ele e bola só pararam quando a rede da baliza os impediu de prosseguir e baterem na barreira; outro do Pirolito contra a Previdência de Viseu, em que num lançamento lateral ele de costas e ainda distante da baliza indica com os olhos onde o colega deveria colocar a bola e repentinamente, sem a deixar cair, em rotação completa, faz um remate espectacular que resultou num golo que deixou todos perplexos.
Enlevado, não me apercebi da aproximação de um contemporâneo que parecendo adivinhar os meus pensamentos, friamente me aconselha: “ Recorda os bons tempos pois daqui a pouco este espaço será transformado. Têm andado por aqui arquitectos e topógrafos e deve estar a ser preparado algum projecto…”.
Triste fim para um espaço de tanta glória (não só do pessoal das minas mas também dos fornos e do desportivo)!
Sem rodeios, se os terrenos fossem meus, teria sempre que admitir a rua rentabilização. Mas, com a crise instalada no sector da construção civil, (lembro que os espaços para preservação da memória estão definidos e alguns já em fase adiantada de execução) pensaria duas vezes antes de gastar fortunas em projectos que tal crise condenaria ao fracasso e inviabilizaria qualquer retorno.
Mas os terrenos são da EDM, esta é maioritariamente do Estado Português e este somos todos nós. E (como disse o Dr. Ginestal e, honra lhe seja feita, sempre o confirmou) tendo esse Estado uma dívida de gratidão para esta terra porque todos nós contribuímos com os nossos impostos para a construção de um país socialmente mais justo e com o nosso trabalho lhe proporcionámos a obtenção avultados proventos, então, porque não dar à terra aquele insignificante hectare de terreno?
Sem dúvida que, para ele, haverá projectos bem mais úteis.
Deixo aqui o meu projecto. Como é gratuito, não liguem à escala nem critiquem os traços. Não sou especialista nem tenho grandes ferramentas! E será sempre para ficar disponível para toda a população.
Mas o que eu gostaria mesmo era daqui a uns tempos poder dizer ao senhor Portugal que, finalmente, um pouco do seu esforço tinha sido devolvido às pessoas que ele tanto estima.
Mais: Gostaria de pedir ao Pirolito para manter a garra que o tem mantido entre nós, na sua luta titânica contra a doença, para no dia em que o campo nos seja devolvido voltar-mos a fazer uma salada de tomate e atum, como tantas vezes fazíamos antes dos treinos.
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[gentilmente oferecido por:]
João Marques
Jornal de Canas de Senhorim
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setembro 20, 2008

Cancro mata mais um mineiro da extinta ENU

Antigos trabalhadores preparam no sábado
novas jornadas de luta
com movimentos cívicos de Nisa.
Ao todo, já morreram de cancro 115 trabalhadores da Empresa Nacional de Urânio, desde meados da década de 90. Os mineiros não querem que o urânio volte a ser explorado. Mas em Nisa há essa possibilidade. Vai haver luta.
Morre em média, vítima de doenças do foro oncológico, um trabalhador por mês da extinta Empresa Nacional de Urânio (ENU). O último faleceu há menos de uma semana, engrossando a lista de mortes (115) de antigos mineiros, desde que a exploração de urânio terminou em Portugal, em meados da década de 90.
As contas são da comissão de antigos trabalhadores da ENU, que no próximo sábado recebe na Urgeiriça, movimentos cívicos de Nisa e a delegação de Portalegre da Quercus, para uma sessão de trabalhos e de visitas a complexos mineiros desactivados e abandonados na região, entre eles o da Cunha Baixa, no concelho de Mangualde.
No encontro deverá ser aprovada uma moção para a realização, já em Outubro, de uma jornada de luta em Nisa, concelho onde está localizado o maior jazigo de urânio do país, um filão que o governo pretende explorar já a partir de 2009, contra a vontade das populações.
"A deslocação de ambientalistas de Nisa à Urgeiriça, e o programa de visitas às antigas minas abandonadas que temos planeado para este sábado, servirá para debatermos os malefícios à saúde humana causados pela exploração do urânio", explica António Minhoto, porta-voz da comissão de trabalhadores da extinta ENU.
"Vamos promover esta iniciativa num ambiente de dor, já que mais um antigo trabalhador da ENU acaba de falecer, vítima de cancro", afirma Minhoto, prometendo não baixar os braços na luta contra as intenções do governo de retomar a exploração do urânio.
O homem que faleceu era do concelho de Penalva do Castelo e "trabalhava como sondador, fazia sondagens nos terrenos de urânio", lembra o porta-voz.
A jornada de luta em Nisa, em Outubro (o dia será marcado no sábado), contará com a participação e a solidariedade dos ex-mineiros da Urgeiriça e dos restantes trabalhadores das minas já desactivadas localizadas na Região Centro.
"Será um dia em cheio. Haverá uma tribuna cívica aberta a todos, e depois a marcha da indignação em direcção ao local da mina de urânio de Nisa", antecipa António Minhoto.
"Em Nisa, a Assembleia Municipal já votou contra a sua exploração. E os movimentos cívicos locais, juntamente com a Quercus de Portalegre, estão muito activos e decididos em que a exploração não venha a ser uma realidade. Ninguém quer isso. As pessoas sabem dos perigos que podem correr", afirma Minhoto.
Rui Bondoso; JN

Livro Minurar

O presente Relatório Científico II descreve os resultados dos dois estudos que finalizam o projecto MINURAR: i) a avaliação da contaminação interna da população das zonas expostas aos radionuclidos do minério do urânio e dos seus resíduos, como indicador de exposição, ii) o estudo de efeitos genotóxicos na população, como indicador de um efeito biológico. O primeiro foi realizado pelo Departamento de Protecção Radiológica e Segurança Nuclear do Instituto Tecnológico e Nuclear (DPRSN -ITN) e o segundo, em colaboração, pelo Centro de Genética Humana do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (CGH-INSA) e pelo DPRSN-ITN. Os resultados são apresentados, respectivamente, nos capítulos 1 e 2. Neste relatório apresentam-se ainda as conclusões finais completas do projecto MINURAR e recomendações que resultam da integração dos resultados publicados nos Relatórios Científicos I e II.
i) Estudo da contaminação interna do organismo pelos radionuclidos da série do urânio
No Capítulo 1 reportam-se os resultados da avaliação, efectuada por processos indirectos, da contaminação interna do organismo de habitantes das regiões estudadas, isto é, da freguesia de Canas de Senhorim (GE), onde se localiza a mina da Urgeiriça e as escombreiras da mina e do tratamento químico do minério, e de dois outros grupos de freguesias: com minas e escombros mineiros mas sem resíduos de tratamento químico do minério (GN1) e sem ocorrências de mineralização de urânio, minas ou resíduos de tratamento (GN2). O método utilizado consistiu na análise de amostras de cabelo dos habitantes para os radionuclidos polónio (210Po) e chumbo (210Pb), ambos descendentes do urânio. A presença destes radionuclidos no cabelo, por onde são parcialmente eliminados, revela a presença de actividades maiores ou menores no interior do organismo e permite hierarquizar a exposição a estas fontes de radiação internas. As concentrações de 210Po foram, em todos o grupos, muito mais elevadas que as de 210Pb, revelando a maior facilidade com que o 210Po é excretado através da incorporação no cabelo. A comparação dos resultados entre os três grupos da população revelou que, em média, os habitantes de GE têm concentrações de 210Po semelhantes aos habitantes do grupo GN1, sendo ambas significativamente mais elevadas que as do grupo GN2. As concentrações de 210Pb no cabelo não são expressivas da sua acumulação no organismo ao longo dos anos, mas sim da sua ingestão recente. Os resultados de 210Pb indicam que a população de GN1 tem uma taxa de ingestão actual deste radionuclidos - provavelmente através da água de consumo - mais elevada que a de GE e de GN2. Por sua vez, embora as diferenças entre os grupos sejam pequenas, os resultados de 210Po indicam que os habitantes dos grupos GE e GN1 acumularam no organismo ao longo da vida, provavelmente no tecido ósseo, um depósito de radionuclidos precursores de 210Po (isto é de 226Ra e 210Pb) com concentrações ligeiramente mais elevadas que no grupo que representa o fundo radioactivo natural (GN2).
ii) Estudo dos efeitos genotóxicos na população
No Capítulo 2 apresentam-se os resultados do estudo sobre os potenciais efeitos genotóxicos na população. Este baseou-se na avaliação das frequências de aberrações cromossómicas nos linfócitos do sangue periférico - consideradas o indicador mais adequado de exposição a radiação ionizante - em dois subgrupos dos grupos GE e GN2 acima referidos, respectivamente designados por GE’ e GN2’. Paralelamente, analisaram-se as aberrações cromossómicas após irradiação in vitro dos linfócitos dos mesmos indivíduos (ensaio challenge), para avaliar uma eventual alteração na capacidade de reparação de lesões do DNA, na sequência da exposição ambiental a doses baixas de radiação ionizante e/ou de outros agentes com potencial genotóxicos. Os resultados revelaram que a população de GE’, comparativamente à do grupo de controlo GN2’, apresentou uma maior frequência basal de aberrações cromossómicas e, em particular, de translocações - o indicador mais sensível de um efeito cumulativo de exposição prolongada a radiação ionizante - embora sem significância estatística. No que se refere aos resultados do ensaio challenge observou-se que, em resposta à irradiação experimental dos linfócitos, a população de GE’ apresentou uma menor frequência de aberrações cromossómicas comparativamente a GN2’, diferença essa estatisticamente significativa. Estes dados são sugestivos duma resposta adaptativa na população de Canas de Senhorim, provavelmente resultante duma maior competência de reparação de lesões do DNA e pressupondo a existência de uma exposição prévia a baixas doses de radiação ionizante e/ou a contaminantes químicos derivados da exploração mineira. No seu conjunto, os resultados dos estudos apresentados neste relatório são convergentes. Através das análises de cabelo verificou-se uma acumulação de 210Po no organismo ligeiramente mais acentuada na população de Canas de Senhorim (GE) – e também de GN1 - comparativamente à da população de GN2. No estudo dos efeitos genotóxicos, e à semelhança do que foi observado em vários parâmetros de saúde descritos no Relatório Científico I (e.g., número de eritrócitos, linfócitos e percentagem de gravidezes com aborto espontâneo), os resultados revelam que a frequência basal de aberrações cromossómicas totais e das translocações em particular, está ligeiramente mais elevada num subgrupo da população de Canas de Senhorim (GE’) comparativamente a um subgrupo de GN2 (GN2’), embora sem significância estatística. Para além disso, a comparação dos resultados do ensaio challenge nas duas populações são sugestivos de uma resposta adaptativa em GE’.


Projecto Minurar - Conclusões finais e recomendações
Conclusões finais

Radioactividade ambiente

Dos resultados do estudo sobre a radioactividade ambiente pode deduzir-se que as áreas ocupadas pelas escombreiras do tratamento químico do minério e de outras actividades mineiras na freguesia de Canas de Senhorim, contêm materiais francamente radioactivos. Estas escombreiras constituem uma fonte de radiação que pode originar doses de radiação externa significativas para quem frequente os locais, constituindo também uma fonte de radão e de poeiras radioactivas que se dispersam na atmosfera. No restante território da freguesia de Canas de Senhorim o risco radiológico é bem menor e é, em muitos parâmetros, comparável ao fundo radioactivo natural determinado em GN2. As freguesias do grupo GN1, sobretudo Moreira de Rei e Rio de Mel, apresentam também valores mais elevados de alguns parâmetros quando comparados com GN2, o que decorre da existência de escombros mineiros da extracção de urânio.
Distribuição dos metais e de outros contaminantes químicos
Como síntese final desta componente do estudo, pode afirmar-se que a auréola de dispersão dos elementos químicos a partir da Escombreira da Mina da Urgeiriça e demais instalações mineiras abandonadas não se manifesta para além dos limites da bacia de drenagem que envolve a linha de água principal local. Contudo, há indicadores claros de que a actividade mineira do urânio na região influenciou o ambiente a tal ponto que se torna visível através de um plano de observação global do território que não foi especificamente projectado para rastreio dos indícios dessa actividade mineira.

Efeitos na saúde da população

Os resultados dos dois estudos apresentados neste Relatório Cientifico II, podem agora ser integrados nos resultados já publicados no Relatório Cientifico I, em Junho de 2005. Saliente-se que as conclusões finais de “MINURAR” mantêm válidas as que foram descritas no referido Relatório Cientifico I. Assim, os resultados globais revelaram diferenças em várias funções e parâmetros biológicos, quer na comparação entre a população de Canas de Senhorim (GE) e as populações das 7 freguesias não expostas (GN), quer na comparação de GE com as populações do subgrupo GN2, sendo quase todas no sentido das hipóteses formuladas. Outros parâmetros tiveram diferenças menos relevantes nas comparações GE/GN e GE/GN2. Por outro lado, a maioria das diferenças encontradas em GE/GN1 foi também no sentido das hipóteses, embora em menor extensão. A exposição da população de Canas de Senhorim à mina da Urgeiriça e à sua Escombreira constitui uma explicação plausível para as diferenças encontradas. Com efeito, não se identificou qualquer outra exposição que pudesse ter causado as diferenças observadas em funções e parâmetros tão diversos.

Recomendações

No domínio da intervenção ambiental é recomendado: 1. proceder à requalificação ambiental; 2. garantir que não subsistem riscos inaceitáveis de exposição das populações a radiações ionizantes; 3. assegurar que as soluções de requalificação serão eficazes não só no presente, mas também por um período alargado de tempo; 4. pôr em prática um plano de monitorização radiológica ambiental na zona das antigas explorações de urânio. No domínio dos efeitos na saúde das populações é recomendado: 1. apreciar a viabilidade de realizar um estudo de cortes retrospectivo para estimar efeitos na mortalidade; e 2. Garantir que a vigilância epidemiológica da população geral exposta, que se afigura, de momento, desnecessária possa ser accionada se, no futuro a situação o exigir.
AUTORES:
José Marinho Falcão; Fernando P. Carvalho; Maria Guida Boavida, Mário Machado Leite; Madalena Alarcão; Eugénio Cordeiro; João Ribeiro
PUBLICADO EM:
INSA
ANO:
2007
EDITOR:
INSA

setembro 16, 2008

Urgeiriça forever


Sejamos honestos. Se frequentemente e com razão damos azo à nossa indignação perante a negligência, a falta de investimento e a displicência que grassa em Canas de Senhorim, não podemos, por outro lado, deixar de assinalar com agrado todo o processo de recuperação ambiental que tem vindo a ser levado a cabo na Urgeiriça.
Barragem Velha, Barragem Nova, Valinhos, Zona Industrial, Zona envolvente, tudo se conjuga para que a Urgeiriça volte a ser o lugar atractivo que já foi e a recuperar completamente das mazelas que a exploração descuidada do Urânio deixou.
Podemos dizer que todo este processo constituía obrigação do estado, o qual, ao longo de anos de exploração, arrecadou lucros incalculáveis, constituindo tal recuperação uma pequena parcela da que nos assiste por direito; podemos dizer que todas as obras juntas não pagam o sofrimento, a contaminação ambiental e as mortes implícitas que daí derivaram; podemos até continuar a reclamar mais justiça para os ex-trabalhadores das minas e a contestar a decisão que entrega o antigo campo de futebol dos “Urânios” à EDM (Empresa de Desenvolvimento Mineiro), o que não podemos é deixar de reconhecer a obra feita e a que está em curso ou negar que, nesta área específica, os fundos do FEDER (Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional) chegaram a Canas de Senhorim, mais concretamente à Urgeiriça.
O “site” da EDM em tempos apontava para um investimento de cerca de 20 milhões de euros (actualmente não presta essa informação), dos quais uma parte significativa já foi consignada. Desconheço o(s) protocolo(s) efectuado(s) pela EDM com a Câmara de Asnelas, e lamento não ter a edilidade oportunamente consultado os associados da Casa do Pessoal da Urgeiriça que certamente lhe dariam conta do interesse em manter o campo de futebol, espaço afecto (e afectivo) à Casa do Pessoal e aos ex-trabalhadores. Se assim fosse, talvez as coisas tivessem sido diferentes, ou não, porque é sabido que a EDM através da sua associada EDMI (Empresa de Projectos Imobiliários) vislumbra recuperar parte do investimento da “holding” naquele espaço (e noutros). Espero que, pelo menos, tenham o bom senso de realizar projectos imobiliários adequados e articulados com a simpática arquitectura do bairro dos mineiros, privilegiando a natureza, o ambiente e os espaços verdes.
Quanto aos Valinhos, será com certeza um prazer para todos os canenses poderem dispor de um parque como o idealizado, isto se for dinamizado de uma forma sustentável e a Câmara colaborar na sua manutenção.
Temos de volta, aparentemente, e salvaguardadas as circunstâncias, a Urgeiriça dos anos 60, local que à altura e juntamente com o Caramulo eram das zonas mais aprazíveis da Beira Alta. Fico contente por isso, como diria o outro, já fui muito feliz na Urgeiriça.
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PortugaSuave
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Capela...Obras começaram

setembro 12, 2008






setembro 04, 2008

Excursão á Serra da Estrela - "Impressões" por um Excursionista

Fica em baixo uma cópia integral do primeiro capítulo deste livro escrito por João Miranda de Azevedo e editado em 1916 pelas Oficinas da Ilustração Portugueza.

Nos confins da Beira Alta, quási a igual distância do Mondego e do Dão, encontra-se uma planura ligeiramente acidentada, sobre a qual assenta a antiga vila de Canas de Senhorim. Não é recente a sua fundação. Vestigios de variada espécia, postos a descoberto na parte Nordeste, tais como: alicerces de casas, sepulturas, tijolos, etc., provam uma relativa antiguidade. Mas deixemos a questão arqueológica, que daria margem a um capítulo aliaz interessante, assim como a genealogia.Estendida na direção Norte Sul, e irregularmente distribuida, acumula as suas casas principalmente junto das estradas.O escurecido granito beirão, exclusivamente empregado nas construções, imprimir-lhe-hia uma nota agreste e triste, se, a breve trecho não fosse desvanecida pelo alvejar de uma ou outra casa branca, pela verdejante ramaria do arvoredo pitorescamente disseminado nas circumvisinhanças e até no povoado.Não é possível abranger numa vista geral toda a povoação. Apreciada de longe, apenas resalta á nossa atenção a torre da bela Igreja e um massiço de casas que, ocultando outras aqui e acola permite distinguir o cume dos edifícios mais altos e grandiosos. A visita interna proporcionará ao «touriste» ocasião de observar edifícios importantes, como o Solar Abreu Madeira e outros, um sumptuoso tempo, etc.; dum modo geral, a casaria apresenta uma feição higiénica e moderna, dado o regular pé direito das construções. Possui também digno de menção: Estação Telégrafo Postal, quatro Escolas Primárias belamente instaladas, Farmácia, um grande armazem de Vinhos, bons estabelecimentos comerciaes, casas de hóspedes, garage, alquilaria, etc.Como prémio da sua privilegiada situação topográfica e não devido a influências políticas que, longe de serem aproveitadas teem sido desprezadas, goza esta antiga vila de óptimas estradas que se cruzam quási ao meio da povoação, ligando-a pelo Nascente com a vila de Nelas de cujo concelho faz parte, pelo Sul com as Calas da Felgueira, pelo Norte com Carvalhal e Vizeu e pelo Poente com a vila do Carregal e Santa Comba; goza além disso do incalculável beneficio da Estação do Caminho de Ferro da Beira Alta.A índole activa e trabalhadora dos seus despretenciosos habitantes contribuíu eficazmente para a divisão da propriedade - que consídero um bem - para o desaparecimento de antigas casas fidalgas, e nos últimos tempos para a reedificação e construção de casas mais ou menos aparatosas que lhe imprimem um aspecto novo e muito agradável.Tem uma população bastante grande - quatrocentos e tal fógos - e prevê-se num futuro próximo um regular movimento comercial. E' verdadeiramente produtiva a região.Nos campos circumvisinhos poderá o visitante observar, além da beleza dos terrenos, uma consideravel fertilidade: Nos lugares baixos cultivam-se com grande proveito: cereais, legumes, fruteiras, etc., e na breve encosta a vinha, cujo produto constitue a principal riqueza da região, tanto pela qualidade como pela quantídade.Calculam-se em 4:500 hectolitros as vendas anuais edectuadas nesta povoação. O pinheiro, formando a certa distância um vasto circuito, é a arvore predominante, deixando examinar por cima das suas cristas, a Sudeste a Serra da Estrela e a Noroeste o Caramulo.Canas de Senhorim é a cabeça da freguezia do mesmo nome, que conta cinco povoações algumas quasi tão populosas como Canas. A mais pequena, a uma distancia de cinco quilómetros, é a das Caldas da Felgueira, estancia termal muito concorrida, onde o aquista encontrará, ao lado dum esplendido estabelecimento balnear, um dos melhores hoteis do paiz. Atravessam agora um período de grande desenvolvimento, prometendo nos anos próximos uma extraordinaria frequência, atendendo aos melhoramentos a realisar, que as colocarão ao lado das primeiras estancias do paiz.A menos de um quilómetro de Canas, ficam as ricas minas de uránio da Urgeiriça, exploradas pela firma Henri Burnay & C.ª. E' digno de minuciosa visita o local, não só por ser aprazível, mas, porque a Companhia aí sustenta em constante actividade máquinas de extracção e trituração do minério, que brevemente tambem iluminarão e ventilarão as minas.As Caldas da Felgueira e as Minas de Uránio dão á povoação um movimento novo, e constituem lugares dignos de serem visitados por as pessoas que atravessam a região da Beira Alta.

Resposta a moções apresentadas por Ex-Trabalhadores da ENU

Aprovadas no plenário de ex-trabalhadores da ENU a 7 de Julho de 2008, as duas moções que foram enviadas para o Ministério da Economia e da Inovação têm resposta no seguinte documento enviado ao representante dos ex-trabalhadores da ENU.Relembro que as moções apresentadas reivindicavam "o campo de futebol como posse dos ex-trabalhadores da ENU e por conseguinte como pertença da Casa do Pessoal" e a segunda apoiava um comunicado que exigia a requalificação da Avenida dos Bombeiros Voluntários.